Brumadinho: celular perto de picape fornece dados para análise do rastro da lama

Por LARA ALVES 

Um celular perdido na lama nas proximidades da picape achada na noite dessa terça-feira (1º) garantiu que o Corpo de Bombeiros conseguisse uma análise estatística perfeita da rota dos rejeitos logo após o rompimento da barragem B1 da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

A tragédia aconteceu há um ano e sete meses, mas equipes estão na área à procura de 11 pessoas que perderam a vida com o colapso da estrutura. Ainda na noite dessa terça-feira, militares encontraram uma caminhonete, cuja localização pode ser fundamental para que sejam encontradas algumas dessas vítimas que estão desaparecidas até hoje.

Logo depois do início das operações na região onde a picape está, o Corpo de Bombeiros encontrou um aparelho celular que pertencia a uma das pessoas mortas no desastre. Segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz da corporação, o proprietário do telefone já havia sido achado e identificado. Entretanto, o encontro do aparelho garante que a corporação entenda a rota dos rejeitos depois do colapso da barragem.

“Na data de ontem nós achamos um celular e conseguimos identificar a quem este celular pertencia. Essa vítima já foi identificada. Ainda assim, a localização desse vestígio é fundamental, porque a partir dele nós conseguimos fazer uma análise perfeita do fluxo de lama. O lugar onde o celular foi encontrado e onde a vítima que era proprietária dele foi localizada. Com isso a gente consegue aumentar a probabilidade estatística e estimar onde estão as vítimas que ainda não foram localizadas”, esclareceu à imprensa na manhã desta quarta-feira (2).

Buscas no ponto onde militares encontraram a picape acontecem ininterruptamente há 13 horas. Não há previsão de que esta operação seja interrompida. “Os serviços avançam para que a gente possa trazer conforto e tranquilidade às famílias que ainda sofrem aqui em Brumadinho”, concluiu Aihara.

Caminhonete é procurada desde o dia do rompimento

A picape localizada na noite dessa terça-feira (1°) era procurada pelo Corpo de Bombeiros havia mais de um ano e sete meses. Na época da tragédia, circularam imagens impressionantes que mostram o instante exato em que a estrutura instalada na mina de Córrego do Feijão entra em colapso.

Capturado pela gravação, o automóvel que estava parado na crista da barragem segundos antes da tragédia desaparece diante das câmeras quando a estrutura se rompe, sendo instantaneamente soterrado pelo mar de lama.

Retomada das buscas

Cinco dias. Este é o período que separa a data da retomada da operação de resgate em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, do dia em que a picape foi achada – essa terça-feira (1°).

Buscas haviam sido interrompidas no mês de março em função da pandemia da Covid-19 em Minas Gerais, mas puderam ser retomadas na última quinta-feira (27) a partir do estabelecimento de protocolos que regulamentam a atuação de militares que trabalham nas operações de busca em Brumadinho.