Minas adere ao programa Pé-de-Meia, que 'paga' alunos por frequência na escola

Programa do Governo Federal vai dar até R$ 9.200,00 a cada aluno inscrito no programa, desde que haja frequência de 80% ao ano, além de inscrição do Enem ao final do ensino médio

Minas adere ao programa Pé-de-Meia, que 'paga' alunos por frequência na escola
Lançamento do Programa Pé-de-Meia, do governo federal, em Minas Gerais — Foto: Raquel Penaforte/O TEMPO

Por Raquel Penaforte 

Daqui três anos, quando concluir os estudos, a estudante Amanda Rodrigues, de 15 anos, hoje no primeiro ano do ensino médio, pretende investir o dinheiro do programa Pé-de-Meia, do governo Federal que vai dar um incentivo financeiro aos estudantes matriculados por cada mês de presença nas escolas, em cursos profissionalizantes.

"Pretendo cursar medicina na UFMG, mas esse dinheiro quero investir na minha educação. Até estou em busca de emprego, pois quero fazer um curso por agora", almeja

A estudante faz parte dos 190 mil alunos da rede pública de ensino de Minas Gerais que podem participar do incentivo que vai dar R$ 200,00 a cada mês de estudo, além de R$ 1.000,00 ao final de cada ano. Alunos que prestarem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ainda receberão R$ 200,00. Ao final dos três anos, caso não seja feito o saque do valor mensal, cada aluno terá R$ 9.200,00.

"Achei uma ótima ideia esse programa. Tenho vários conhecidos que falaram que esses R$ 200,00 vão incentivar a continuarem na escola", pontou.

O programa foi criado em janeiro deste ano, e, nesta terça-feira (19), uma cerimônia entre o Governo do Estado e o Ministro da Educação Camilo Santana marca a adesão de Minas Gerais ao benefício. O bônus de matrícula, também de R$200,00, tem previsão de ser pago em parcela única a partir do dia 26 de março. A data de pagamento depende do mês de aniversário do aluno. 

"Nosso desejo é acabar com a evasão do ensino médio brasileiro, claro que essa é uma política que se conecta com outras políticas. Hoje, 480 mil alunos, aproximadamente, dados do último Censo, saíram da escola em um ano, seja no primeiro, no segundo ou no terceiro ano do ensino médio. Ou seja, nós perdemos quase meio milhão de estudantes em um ano no Brasil. Esse número significa que precisamos fazer algo forte para evitar isso, por isso se justifica um programa como Pé-de-Meia", justifica o chefe da pasta.

Não há necessidade de inscrição ao programa, porém, apenas alunos de baixa renda, inscritos no Bolsa-Familia e no CadÚnico do Governo Federal. Também não há necessidade de ir à Caixa Econômica Federal (CEF) para a abertura da conta.

Educação e trabalho

Na cerimônia, além do Ministro, estiveram presentes o Governador Romeu Zema, o Secretário de Estado de Educação, Igor Alvarenga, autoridades e representantes de entidades estudantis, além de cerca de 300 alunos da rede pública da região metropolitana.

"Em Minas, nós temos fortalecido o ensino médio. Temos hoje a rede de ensino profissionalizante do Brasil. Já formamos mais de 40 mil jovens no programa Trilhas de Futuro, e estamos, neste momento, com mais de 110 mil alunos, fazendo mais de 90 cursos em escolas particulares, onde o Estado paga mensalidade e também dá auxílio à alimentação e de transporte de R$ 20,00 todos os dias", pontou o governador Romeu Zema.

O governador ainda disse que o mercado de trabalho em Minas Gerais está aquecido, mas que tem como meta, até o final da gestão (2026), criar mais de 1 milhão de vagas de carteira assinada.

"Muitas vezes temos como gargalo, a falta de pessoa qualificada, capacitada, então, nossos programas profissionalizantes visa ter uma geração de estudantes mais preparada", completou.

De olho no futuro

Já no terceiro ano do ensino médio, o Deivison Samuel de Oliveira, de 16 anos, disse que tem procurado emprego, mas ainda não conseguiu nenhuma vaga. Segundo ele, vai dar animo para investir na carreira profissional.

"Eu não pretendia estudar depois de concluir o ensino médio, mas minha mãe disse que seria importante. Então, agora acho que vou tentar o Enem e cursar administração", disse.