Operação da PF abre guerra nos grupos de zap do condomínio onde mora Bolsonaro

O TEMPO teve acesso a mensagens. Vizinhos pró e contra o ex-presidente trocam memes e ofensas, enquanto os isentões reclamam da presença de jornalistas e do barulho da polícia

Operação da PF abre guerra nos grupos de zap do condomínio onde mora Bolsonaro
Logo após a chegada dos federais, o que ficou mais movimentado ainda foram os grupos de Whatsapp dos moradores do condomínio — Foto: Reprodução/W

 

Por Renato Alves Publicado em 3 de maio de 2023 | 15h08 - Atualizado em 3 de maio de 2023 | 15h23

 

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Logo após a chegada dos federais, o que ficou mais movimentado ainda foram os grupos de Whatsapp dos moradores do condomínio - Foto: Reprodução/Whatsapp

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Há dois meses, a mudança de Jair Bolsonaro dividiu os moradores do até então tranquilo condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, bairro a cerca de 11  quilômetros do Palácio do Planalto. Havia os que viam a chegada do ex-presidente como uma demonstração de prestígio. Esses fizeram até festa. Houve quem mandasse presentes. Do outro lado, um grupo se reuniu para pedir a saída do ex-chefe do Executivo, alegando que ele atrairia muitos curiosos, além de visitantes, acabando com o sossego do local.

O que ninguém imaginava era que a alteração na rotina do Solar de Brasília viesse com a presença de carros da Polícia Federal, que logo atraíram jornalistas, no desencadeamento da Operação Venire, nesta quarta-feira (3), que busca provas de fraudes de cartão de vacinação do ex-presidente, sua filha Laura, ex-assessores e outros políticos. Agentes fizeram buscas e apreensão na casa de Bolsonaro, que estava presente, com Laura e Michelle, a ex-primeira-dama e mãe da menina de 12 anos.

Dessa vez, ao contrário do dia da chegada de Bolsonaro, após uma estadia de quase três meses nos Estados Unidos, para onde se mudou um dia antes do término do mandato, não apareceram moradores com faixas e cartazes de apoio ao ex-presidente. No entanto, alguns contrários à presença dele fizeram questão de sair de casa para fazer imagens da PF em frente à residência de Jair e Michelle.

Logo após a chegada dos federais, o que ficou mais movimentado ainda foram os grupos de Whatsapp dos moradores do condomínio, onde os contra e a favor de Bolsonaro se encontraram e expuseram suas diferenças. O TEMPO em Brasília teve acesso a várias mensagens trocadas pelos vizinhos do ex-presidente. O condomínio tem 1.220 casas e cerca de 4 mil moradores, com porteiros e seguranças. 

Nas mensagens acessadas pelo O TEMPO, moradores que apoiam Bolsonaro falam em “perseguição”. Já aqueles que são contra o ex-presidente inundaram os grupos provocando os vizinhos rivais, com memes zombando dele e da prisão de aliados. Houve troca de ofensas, com palavrões. Ainda teve os “isentões”, que não entraram no mérito da investigação e reclamaram apenas do barulho feito pelos policiais federais e da imprensa na porta do condomínio. “A questão aqui é tão somente a invasão de nossa privacidade por repórteres”, escreveu um deles.

“Eita nosso condomínio nas páginas policiais! A família patriota e conservadora honesta deve tá triste”, escreveu uma moradora anti-Bolsonaro, após publicar matéria de site sobre a operação da PF. “Chegou um Uber black na Q2”, provocou outro, se referindo à viatura da PF e à quadra onde mora o ex-presidente. “Vamos mandar uma cesta de café para eles”, emendou uma moradora.

Em meio ao bate-boca virtual, uma moradora mandou outra, apoiadora de Bolsonaro, guardar bem a foto que ela fez com o ex-presidente porque “pode ser a última antes da prisão”.

Casa de Jair e Michelle Bolsonaro tem 795 metros quadrados

O ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro alugaram uma casa no condomínio Solar de Brasília, por R$ 12 mil mensais de aluguel. O imóvel tem dois andares, uma piscina, área verde e 400 metros quadrados de construção, de um total de 795 metros quadrados. O casal mandou fazer uma reforma na casa antes de Michelle se mudar para lá.

Nos vidros, foram colocadas películas escuras para preservar a privacidade da família. O condomínio é cercado de grades pontiagudas, com a presença de vigilantes armados em guaritas e patrulhas que fazem rondas contínuas. Com a estadia do casal, agentes do Exército e da Aeronáutica reforçam a segurança da propriedade.

Após ter retornado ao Brasil, em fevereiro, Michelle se mudou para o imóvel com suas duas filhas – incluindo Laura Bolsonaro. O ex-presidente continuou nos Estados Unidos até março, fazendo mistério sobre o retorno ao Brasil, o que aconteceu no início de março. 

Na área externa do condomínio, há quadras poliesportivas, de futebol e tênis, salão de festas e academia.