Capitã Cloroquina é acusada de tramar queda de Marcelo Queiroga

Capitã Cloroquina é acusada de tramar queda de Marcelo Queiroga
Mayra Pinheiro registrou um boletim de ocorrência contra João Lopes de Araújo Júnior, chefe de gabinete do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga Foto: Anderson Riedel/PR

 

 

 

Por RENATO ALVES 

 

A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, que também é conhecida como Capitã Cloroquina por defender o uso da ineficaz hidroxicloroquina contra a covid-19, registrou um boletim de ocorrência contra João Lopes de Araújo Júnior, chefe de gabinete do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Mayra Pinheiro, que é alvo da CPI da Covid por integrar o chamado gabinete paralelo que orientaria o presidente Jair Bolsonaro em medidas ineficazes no combate à pandemia, diz que tem sido ameaçada e acusada injustamente por Araújo Júnior em conversas por aplicativo.

Em mensagens anexadas ao boletim de ocorrência, Araújo Júnior acusa Mayra Pinheiro e o ministro Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) de atuarem em conjunto para derrubar Marcelo Queiroga. 

Em uma das mensagens, Araújo Júnior  diz que Mayra “está cometendo um crime" e que ela "não tem qualquer lealdade ao ministro" (Queiroga).

Araújo Júnior ainda afirma que sabe da ligação da secretária com o ministro Onyx Lorenzoni e diz que conhece "todos os nomes envolvidos nessa tentativa de retirada do ministro".

Por fim, João diz para Mayra ter cuidado e se preparar, porque "vai ver a mão de Deus" sobre ela.

O caso foi revelado pela CBN Brasília e confirmado pelo O TEMPO. Registrado na Polícia Civil do Distrito Federal, com imagens e arquivos de áudio e de vídeo anexados, ele foi encaminhado à Polícia Federal por envolver ministros. 

Enquanto isso, Marcelo Queiroga segue pressionado pelo Planalto por não tomar posições que Bolsonaro deseja, como a liberação do uso de máscara.

Procurados, Mayra Pinheiro, Onyx Lorenzoni e os demais envolvidos não retornaram as ligações da reportagem.

Liderança contra o Mais Médicos

Antes de se tornar a Capitã Cloroquina, Mayra era mais conhecida por ter sido presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará e por sua crítica ao programa Mais Médicos, que, entre outras iniciativas, incentivava a vinda ao Brasil de médicos formados em outros países, principalmente Cuba, para trabalhar na rede pública, e que acabou ficando sob seu comando quando ela chegou ao Ministério da Saúde.

Dias antes da posse em 2019, em entrevista ao jornal El País Brasil, a secretária defendeu a sua posição crítica à política adotada com médicos cubanos. “A gente não pôde comprovar a certificação de que essas pessoas haviam cursado medicina nem que tinham o domínio da língua”, justificou. Ela também criticou a política de expansão de cursos para a formação de médicos. “[O Mais Médicos] Também trouxe a abertura indiscriminada de escolas de medicina no Brasil, que não precisamos e que são de péssima qualidade.

Em 2018, filiada ao PSDB e formada pelo movimento de renovação política RenovaBR, concorreu a uma das duas vagas do Ceará em disputa para o Senado Federal. Recebeu 11,37% dos votos válidos, um total de 882.019, e ficou em quarto lugar. Cid Gomes (PDT) e Eduardo Girão (então no Pros, hoje no Podemos) foram eleitos.