Enfermeiro é vítima de homofobia em hospital de MG: ‘Nenhum viadinho vai me atender

Paciente foi preso em flagrante pela PM pelos crimes de injúria racial, ameaça e perturbação do trabalho

Enfermeiro é vítima de homofobia em hospital de MG: ‘Nenhum viadinho vai me atender
Paciente foi preso por injúria racial após ofensa homofóbica contra enfermeiro no Hospital de Misericórdia de Santos Dumont

Por Gabriel Rezende

Um enfermeiro de 26 anos foi vítima de ataques homofóbicos no Hospital de Misericórdia de Santos Dumont, na Zona da Mata, em Minas Gerais, na tarde desta quarta-feira (12 de junho). O paciente de 54 anos, suspeito das ofensas, foi preso pela Polícia Militar (PM) pelos crimes de injúria racial, ameaça e perturbação do trabalho.

Conforme o depoimento do enfermeiro, ele estava em atendimento quando o agressor entrou na sala, dizendo palavras de baixo calão. O trabalhador pediu para que ele se acalmasse, mas o suspeito intensificou os ataques com palavras homofóbicas. “Bichinha. Nenhum viadinho vai me atender”, diz trecho do boletim de ocorrência.

Além das ofensas, o paciente teria dito que era “homem o suficiente para quebrar a cara” do enfermeiro. As ofensas foram confirmadas por testemunhas e depois pelo próprio paciente para a PM.

Diante dos ataques, um médico tentou intervir, mas o paciente ficou ainda mais exaltado, usando uma peça de ferro da própria cadeira de rodas para golpear a porta de entrada do pronto-socorro. Com isso, a PM foi acionada para a unidade de saúde.

Para os militares, o paciente suspeito das ofensas disse que seu atendimento estava demorando muito e que deveria ter prioridade por ser cadeirante. Ele também confirmou ter dito as palavras homofóbicas para o enfermeiro. Com isso, foi preso em flagrante.

A reportagem pediu um posicionamento para o Hospital de Misericórdia de Santos Dumont sobre o caso e aguarda retorno.

Homofobia 

No Brasil, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), atos ofensivos praticados contra pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ são enquadrados como injúria racial, prevista no artigo 140 do Código Penal. 

Desde janeiro de 2023, a legislação brasileira equiparou a pena de injúria à de racismo. Com isso, a pena aumentou para de 2 a 5 anos de reclusão