Lula foca cidades de Minas Gerais em que venceu para ‘ampliar vantagem’

Lula foca cidades de Minas Gerais em que venceu para ‘ampliar vantagem’
A última visita de Lula a Minas foi a Belo Horizonte, onde desembarcou em 9 de outubro — Foto: Ricardo Stuckert

 

 

Por Gabriel Ferreira Borges
 

A dez dias do 2º turno, o ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá concentrar os esforços em Minas Gerais entre esta sexta-feira (21) e este sábado (22) para tentar ampliar a vantagem de 563 mil votos em cidades onde já venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL). Além de visitar Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, e Juiz de Fora, na Zona da Mata, Lula passará por Belo Horizonte e Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana. Assim como no 1º turno, a campanha dedicará o final de semana anterior às eleições ao estado.

Como já mostrou O TEMPO, a estratégia passa por tentar atrair a maior parte dos votos dos ex-candidatos Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), assim como mobilizar quem se absteve de ir às urnas no 1º turno, o que, em Minas, representa 22,28%, ou seja, 3,6 milhões de eleitores. “Nós queremos ampliar onde já vencemos e virar em Belo Horizonte, onde a diferença foi de 60 mil votos”, afirma o deputado federal reeleito Reginaldo Lopes (PT), coordenador-geral da campanha em Minas.

Inclusive, Tebet acompanhará Lula nas agendas em Minas. A avaliação é que a senadora abre portas não apenas com produtores do agronegócio, mas, também, com mulheres empreendedoras. “É uma demonstração de envolvimento com a campanha do presidente Lula, de confiança. Somos muito gratos a Tebet estar vindo a Minas nos ajudar”, pontua Reginaldo. Na próxima quarta (26), em agenda solo, a senadora ainda visitará Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, e Sete Lagoas, na Região Central.  

Das quatro cidades a serem visitadas, Lula ganhou em três. A exceção foi justamente Belo Horizonte. Apesar da adesão do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) à campanha, o presidente Jair Bolsonaro (PL) conquistou 46,6% dos votos válidos na capital. O ex-presidente, por sua vez, fez 42,53%. Somados, Tebet e Ciro somaram 9,15%, ou seja, 137.201 dos eleitores. A projeção da campanha é que, até agora, 60% teriam migrado para Lula em Minas. “Não conseguimos chegar a 70%, porque ainda há uma parte indecisa. Mas queremos caminhar para 80%”, diz Reginaldo. Ao lado de Neves, Belo Horizonte entrou no périplo de Lula após uma agenda em Manaus ser cancelada.

 

Juiz de Fora entrou no roteiro na segunda-feira, já que, a princípio, a previsão era de que Lula fosse a Governador Valadares, no Rio Doce. Porém, Bolsonaro venceu em Valadares com 57,62% dos votos válidos. A cidade, aliás, foi visitada pelo presidente e candidato à reeleição na última terça. Lá, apesar de ter sido o local onde Bolsonaro abriu a campanha presidencial, Lula fez 52,2% dos votos válidos contra 36,6% do adversário. Por outro lado, assim como na maior parte da Zona da Mata, Juiz de Fora também deu vitória a Zema.

 

A situação é semelhante em Teófilo Otoni, onde Lula venceu com 48,74%. Entretanto, a diferença para Bolsonaro foi de apenas 2.491 votos na cidade do Mucuri. Lá, o espólio de Tebet e Ciro é 3.668 votos. A particularidade de Teófilo Otoni é que a cidade registrou uma taxa de abstenção superior à média do Brasil. Enquanto o país teve um índice médio de 20,95% nas eleições presidenciais, o município teve 27,42%, o que representa 29.176 eleitores.

Neves, por outro lado, é uma das cidades onde Lula venceu na Região Metropolitana. Com 49,31% dos votos válidos, o ex-presidente encerrou o 1º turno com uma vantagem de 10.856 votos para Bolsonaro, que registrou 42,74%. Das quatro, Ribeirão das Neves foi a única onde o governador reeleito Romeu Zema (Novo) não dividiu a vitória com Lula, embora o prefeito Junynho Martins (União Brasil) tenha sido um dos coordenadores da campanha de Zema na Região Metropolitana. 

PT acredita que votos válidos já estão cristalizados

Apesar das atenções voltadas a Minas, a campanha de Lula minimiza eventuais impactos da mobilização de prefeitos encabeçada por Zema a favor de Bolsonaro. De acordo com Reginaldo, a maior parte do eleitorado já teria assimilado a adesão do governador reeleito à campanha do presidente. Só que, acrescenta ele, a parcela que avalia como importante o apoio seria similar àquela que já votou em Bolsonaro no 1º turno. “O eleitor mineiro fez a escolha dele democraticamente. Ninguém manda no voto do mineiro”, afirma Reginaldo.

Quem foi encarregado para fazer a interlocução com os prefeitos foi o senador Alexandre Silveira (PSD) em busca de tentar neutralizar a mobilização dos prefeitos por Zema. Em entrevista ao Café com Política, da Rádio Super 91,7 FM nesta quinta (20), Silveira apontou que o governador reeleito está tratando Minas como se fosse um “curral eleitoral”. “Isso não é uma realidade. O presidente Lula ganhou as eleições em mais de 600 municípios mineiros. E os prefeitos já estão pensando nas suas reeleições daqui a dois anos ou naqueles que vão apresentar sucessores”, argumenta.

Em outra frente, a campanha segue acenando tanto ao governador quanto ao eleitor que, caso Lula seja eleito, governará ao lado de Zema. “Somos um governo republicano, que respeita as instituições, as urnas e que vai chamar Zema para dialogar. O nosso compromisso é direto com Minas e com os mineiros”, prometeu Reginaldo, acrescentando que Bolsonaro talvez “trate os inimigos melhor do que os amigos”.

A sinalização foi reiterada pelo próprio Lula em vídeos divulgados nesta quinta pelo PT de Minas Gerais nas redes sociais. “A independência é a grande marca de Minas. Vocês escolheram livremente o seu governador e é com ele que eu vou trabalhar como sempre trabalhei independente dos partidos. Vamos juntos por Minas e pelo Brasil”, disse o ex-presidente.