REFORMA À VISTA Agenda de Lula em Minas vai testar sua relação com o MST e prestígio de Paulo Teixeira

BRASÍLIA – Além de ser uma tentativa de reaproximação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na próxima sexta-feira (7), ao assentamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, no Sul de Minas Gerais, deve servir como teste para o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.Essa será a primeira visita de Lula a um acampamento do MST em seu terceiro mandato. Já Teixeira, que também é filiado ao PT, tem sua gestão questionada por integrantes do MST e do próprio governo, em meio à discussão de uma grande reforma ministerial. No fim de janeiro, líderes do movimento social se reuniram com Lula e Teixeira no Palácio do Planalto. Após o encontro, em entrevista à imprensa, os dirigentes criticaram a atual política de reforma agrária do governo.

Antes do encontro, o MST havia divulgado uma carta para pressionar o governo a assentar 100 mil famílias. No texto, a organização também criticou a atuação do Congresso Nacional “em defesa do agronegócio” e alegou uma “paralisação da reforma agrária” por parte do governo federal.

Já no governo, o ministro recebe duras críticas principalmente por causa da disparada nos preços dos alimentos, apontada como fundamental para queda vertiginosa na popularidade de Lula. Há um entendimento que Teixeira não tomou providências para frear a alta dos alimentos nem mesmo revertê-la. Por isso o seu nome é dado como quase certo como um dos que serão tocados na reforma ministerial. 

Desapropriação e crédito

Campo do Meio, onde Lula deve desembarcar na sexta, tem 11,5 mil habitantes. O prefeito, Samuel Azevedo Marinho (PSD), publicou um vídeo para anunciar a visita, a que se referiu como “momento histórico” e “grande festa”. Ele afirmou que está prevista a assinatura do decreto para a desapropriação da massa falida da antiga usina Ariadnópolis e o assentamento das famílias do Quilombo Campo Grande. 

“Foi nessa fazenda (Ariadnópolis), em virtude do risco de seu despejo, que surgiu aquela ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) que suspendeu todos os despejos na pandemia. Então, essa fazenda é muito simbólica, não apenas para Minas Gerais, mas para todo o Brasil”, justificou sobre a escolha Paulo Teixeira. 

A expectativa é de que no evento o presidente anuncie a desapropriação da Fazenda Ariadnópolis para reforma agrária e o assentamento de 12 mil famílias. Além disso, Lula deve lançar uma linha de crédito de R$ 1,5 bilhão para as famílias assentadas e o lançamento Desenrola Rural, programa de negociação de dívidas de produtores rurais.João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, publicou um vídeo ao lado do ministro de Paulo Teixeira, anunciando o que ele chamou de “ato nacional em defesa da reforma agrária, com grandes entregas e grandes anúncios”.