Movimentos sociais ocupam antigo prédio da ditadura militar na Afonso Pena, em BH

Manifestantes exigem a conclusão do Memorial dos Direitos Humanos

Movimentos sociais ocupam antigo prédio da ditadura militar na Afonso Pena, em BH
Movimentos sociais ocupam antigo prédio da ditadura militar na Afonso Pena, em BH _Foto: Luiza Poeiras/Divulgação

Por Lucas Gomes

 

Movimentos sociais ocuparam na madrugada desta terça-feira (1º de abril) o prédio do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) em Belo Horizonte. O edifício na avenida Afonso Pena abrigou um dos principais centros de repressão da ditadura militar. 

Os manifestantes que ocuparam o espaço nesta terça-feira exigem a inauguração do Memorial dos Direitos Humanos, Casa da Liberdade. A transformação do prédio em um espaço de memória e reflexão foi recomendação da Comissão da Verdade de Minas Gerais, mas não há previsão para a mudança. 

“O protesto denuncia a falta de avanço na chamada justiça de transição no Brasil. Após o fim do regime militar, torturadores e responsáveis por crimes de lesa-humanidade nunca foram julgados e/ou punidos. Essa impunidade permitiu que práticas de violência e tortura estatal continuassem, como o genocídio da juventude preta e pobre, a tortura em delegacias e a militarização das polícias. A tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 é um exemplo de como setores reacionários ainda se sentem encorajados a ameaçar a democracia”, diz nota enviada pelos movimentos.

Segundo os manifestantes, o Memorial dos Direitos Humanos deveria ter sido inaugurado em 2018, após o tombamento do edifício pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) em 2013. Duas grandes obras foram realizadas desde então, e a última previsão indicava conclusão em dezembro de 2024, mas eles acusam a gestão estadual de impedir a finalização do memorial e “negar a história de luta do povo brasileiro contra a ditadura”.

"Estamos aqui para exigir que o governo de Minas Gerais libere a verba necessária para que o Memorial dos Direitos Humanos seja finalmente inaugurado. Honrar a memória dos que tombaram na luta contra a ditadura não é apenas recordar o passado, mas manter viva a chama da resistência", afirma Renato Campos, membro do Partido Comunista Revolucionário que organizou a ação.

Entre os pedidos dos manifestantes estão a imediata abertura do Memorial dos Direitos Humanos, destinação de recursos para a conclusão das obras, inclusão dos movimentos sociais na gestão do espaço até a abertura definitiva do memorial, punição dos torturadores e defesa da memória dos mortos e desaparecidos da ditadura.

A reportagem procurou o governo de Minas e aguarda resposta.