Médico suspeito de vender laudos em Uberlândia será investigado pelo CRMMG

Documento seria vendido a R$ 200 reais a qualquer pessoa que não se enquadrasse como prioridade na vacinação contra a Covid-19 na cidade Por BRUNO MENEZES 28/05/21 - 18h07

Médico suspeito de vender laudos em Uberlândia será investigado pelo CRMMG
Foto: Reprodução Redes Sociais

O Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG) vai apurar a denúncia de uma ex-funcionária do médico cardiologista Bauer Dias da Silva, 68, que aponta que o profissional teria emitido diversos laudos falsos a pessoas sem comorbidades para facilitar que elas furassem a fila da vacina contra a Covid-19 em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O caso foi revelado pela TV Paranaíba, emissora filiada à Record TV.  

Na reportagem, um repórter se passou por cliente e marcou uma consulta com o médico, para pegar o laudo. Tudo foi gravado com uma câmera escondida. Na conversa, o repórter admite que não tem qualquer doença, apenas tinha a pretensão de sair do país já imunizado. Mesmo assim, o médico cardiologista assina o laudo, atestando que ele teria bronquite asmática. O valor do documento estabelecido pelo próprio médico é R$ 200.

A gravação também mostra a secretária do cardiologista passando informações ao repórter  do que falar com o médico antes da consulta e sobre como preencher a ficha de cadastro de vacinação no sita da Prefeitura de Uberlândia. Após o episódio, a reportagem ainda tentou conversar com o médico, mas ele se recusou a dar entrevista.

Em nota o CRMMG disse que tomou conhecimento sobre o caso na noite dessa quinta-feira (27) e disse que adotará “ os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos, em conformidade com os trâmites estabelecidos no Código de Processo Ético Profissional (CPEP), tendo o médico amplo direito de defesa e ao contraditório”. Os procedimentos, de acordo com o CRMMG vão correr em sigilo.

Já em relação às possíveis penalidades, o conselho esclareceu que elas podem variar. “Entre advertência confidencial, censura confidencial, censura pública, suspensão do exercício profissional por até 30 dias e a cassação do exercício profissional. Qualquer uma das penalidades pode ser aplicada após processo ético-profissional, sempre proporcionalmente à infração cometida”, diz a nota.

Em nota, a Prefeitura de Uberlândia informou que realizou uma representação para o Ministério Público investigar o caso. "Devido à situação, o município também intensificará a análise dos laudos médicos, principalmente aqueles emitidos em quantidades que possam parecer suspeitas".

A reportagem de O TEMPO tentou um posicionamento do médico, mas ninguém atendeu nos telefones indicados da clínica onde ele realizava atendimento.