Ministério Público vai investigar gastos com festa de aniversário de Pedra Azul

Apuração ocorre após reportagem de O TEMPO denunciar que prefeitura "escondeu" os cachês pagos aos artistas; cidade está em situação de emergência por chuva e seca

Ministério Público vai investigar gastos com festa de aniversário de Pedra Azul
Onze artistas passaram pelos palcos da cidade — Foto: Reprodução

Por José Vítor Camilo e Lucas Henrique GomesPublicado em 2 de junho de 2022 | 18h52 - Atualizado em 2 de junho de 2022 | 20h25

 

O Ministério Público de Minas Gerais (MPG) anunciou, na noite desta sexta-feira (2), que vai instaurar um procedimento investigativo para apurar os gastos com uma festa de aniversário de quatro dias pela Prefeitura de Pedra Azul, município do Vale do Jequitinhonha que está em situação de emergência. A apuração ocorre após matéria de O TEMPO denunciar contratos com os artistas só começaram a ser publicados após a reportagem cobrar a prefeitura por três dias.

"A 2ª Promotoria de Justiça de Pedra Azul informou que irá instaurar procedimento investigativo para apurar a legitimidade do gasto empreendido, sobretudo em razão da situação de emergência do Município", divulgou o MPMG. Na festa em questão, ocorrida na última semana, foram contratados, com dinheiro público, artistas como Mano Walter e a banda Psirico.

Nas redes sociais, o prefeito da cidade, Márcio Souto (Republicanos), posou para fotos ao lado do cantor junto com a família, no camarim. Nessa terça-feira (31), em vídeo divulgado na página da prefeitura, o mandatário comemorou em ter "proporcionado uma festa de 110 anos da emancipação política de Pedra Azul do tamanho que o nosso povo merece".

A prefeitura, entretanto, escondeu os contratos com os 11 artistas que passaram pelos palcos da cidade e não tinha tornado público os documentos até a noite desta quarta-feira (1º), descumprindo determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal, na parte que trata sobre transparência. 

A reportagem cobrou os contratos da prefeitura desde a última segunda-feira (30), mas os documentos só começaram a ser disponibilizados ao longo da noite de quarta-feira (1º). Desde o final do ano passado, a cidade vem sofrendo com as chuvas e com a seca.

Após o anúncio de que o MPMG investigará os gastos com a festa, a Prefeitura de Pedra Azul foi procurada por telefone, mas ninguém foi encontrado para comentar a informação. 

Cachês

Como a prefeitura de Pedra Azul não tinha divulgado o cachê pago aos 11 artistas por 12 apresentações, a reportagem procurou o valor que as duas principais atrações teriam recebido. Um dia antes de se apresentar em Pedra Azul, Márcio Victor, do Psirico, fez um show na cidade de Riacho dos Machados, no Norte de Minas, por R$ 90 mil. Estimava-se que esse teria sido o valor cobrado também de Pedra Azul, mas segundo informações iniciais divulgadas pela prefeitura, foram R$ 95 mil.
 
Mano Walter também não tinha tido seu contrato divulgado pela prefeitura de Pedra Azul. No início do mês passado, cerca de 20 dias antes de se apresentar na cidade do Vale do Jequitinhonha, o cantor se apresentou na cidade de São João da Ponte, no Norte de Minas. Para se apresentar lá, Walter cobrou o cachê de R$ 180 mil. Em Pedra Azul, o valor contratado foi R$ 162,5 mil.
 
Para Tati Meira, o cachê pago foi de R$ 25 mil. Ao cantor gospel Davi Sacer, a prefeitura pagou R$ 45 mil. Os contratos dos outros artistas não tinham sido divulgados, até o fechamento desta matéria.