Lula e Zema travam embate em anúncio de investimento em MG

Governador alfineta gestões petistas, e presidente rebate citando crescimento da economia

Lula e Zema travam embate em anúncio de investimento em MG
Presidente Lula visita o Polo Automotivo Stellantis de Betim e participa da inauguração do centro de desenvolvimento de produtos de mobilidade híbrida-flex _Foto: Flavio Tavares | O TEMPO

Por Leonardo Augusto e Mariana Cavalcanti

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), roubaram a cena e transformaram em confronto político o anúncio de investimentos da montadora Stellantis, nesta terça-feira (11 de março), em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Diante de executivos do grupo, convidados e funcionários, o presidente e o governador criticaram direta e indiretamente a gestão um do outro durante seus discursos, feitos após representantes do conglomerado anunciarem investimentos de R$ 30 bilhões no país.

Zema falou primeiro. Sem citar o Executivo federal, o governador afirmou que sua administração é formada por 14 secretarias, número que considera baixo. “Apesar de sermos o segundo Estado mais populoso, somos o menor número de secretarias. Para time ganhar campeonato, não precisa pôr 20 jogadores em campo, apenas 11 craques”, disse. A crítica é recorrente e direcionada sempre ao governo federal, que tem 38 ministérios. 

O governador citou ainda a gestão de Fernando Pimentel (PT), de 2015 a 2018, ano em que Zema disputou e venceu sua primeira eleição para o Palácio Tiradentes. “Assumi um Estado quebrado que não fazia o repasse do ICMS e que não pagava a folha de pagamento. Era um Estado desacreditado”, afirmou Zema.

Último a falar, Lula atacou o governador citando primeiramente a área da educação. Discursando de pé e andando pela estrutura, como faz em seus pronunciamentos, o presidente se dirigiu ao governador e lembrou que 370 mil crianças em Minas Gerais recebem verbas do Pé-de-Meia, programa federal que repassa recursos para jovens que concluíram o ensino médio como forma de incentivar a continuidade dos estudos.

Em seguida, o petista retrucou o comentário do governador sobre o número de auxiliares. “Eu tenho muita sorte de montar uma equipe extraordinária como esta aqui, porque o importante não é discutir se você tem um ou dez, mas a qualidade das pessoas que você tem”, disse.

 

Economia

O presidente citou o nome de Zema apenas uma vez, em tom irônico, para falar sobre a economia do país. “Precisou eu voltar à Presidência para a economia voltar a crescer acima de 3%. Ela não crescia há quanto tempo? O Zema não lembra de quando a economia crescia acima de 3%. Nem você, nem nenhum economista se lembram”, afirmou o petista.

Houve ainda, por parte de Zema, menção à dívida de Minas Gerais com a União. O governador disse esperar uma solução para o problema. “Estamos confiantes de que finalmente vamos ter essa solução do problema na origem, e não o empurrando para frente, como sempre aconteceu”. A respeito desse tema, quem rebateu o governador foi o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que também discursou. “A dívida de Minas cresceu nos últimos cinco anos em mais de 50%. Passou de R$ 110 bilhões, em 2019, para R$ 165 bilhões”, disse o ministro.

A troca de farpas entre Lula e Zema ocorre em meio às articulações para as eleições de 2026. O presidente já deixou claro que, em Minas, gostaria de ter o senador Rodrigo Pacheco (PSD) como governador do Estado. Já Zema lançará seu vice, Mateus Simões (Novo).

Na disputa pelo Palácio do Planalto, Lula deverá tentar a reeleição, enquanto Zema vem sendo colocado como um possível concorrente ao posto.