'O confinamento era como o corona', diz testemunha mineira do 11 de setembro

'O confinamento era como o corona', diz testemunha mineira do 11 de setembro
Professor de jiu-jitsu presenciou ataque do outro lado do rio Hudson, em Nova Jersey, cidade vizinha de Nova York Foto: SETH MCALLISTER / AFP

 

Por GABRIEL RODRIGUES

 

 

O professor mineiro de jiu-jitsu Marcelo de Oliveira, 47, vivia há cerca de um ano em Nova Jersey, cidade que faz fronteira com Nova York, e assistiu ao ataque aos prédios do World Trade Center ao vivo, do outro lado do rio Hudson.

“No mesmo dia, eu tinha que ir a Nova York à tarde e estava em casa. Teve uma explosão e vizinhos gritaram. Nós alugávamos a parte de baixo da casa de um árabe, e a esposa dele desceu gritando depois, porque sabiam que as pessoas já pensavam que árabes haviam feito um atentado e ela ficou com medo de represálias até do governo. Ela desceu gritando: as torres!”. 

 

As semanas seguintes foram de paranoia, na memória de Marcelo. Boatos mandavam tampar as janelas com plástico para se proteger em caso de ataques químicos e instruíam que era necessário correr para o chuveiro caso um atentado dessa natureza ocorresse.

“O confinamento era como com o corona, as pessoas tinham medo do incerto, do que ia acontecer, botaram fitas fechando parte da cidade. Eu fiquei um mês sem ir trabalhar, porque estava com dificuldade com o transporte, não deixavam muita gente entrar em Nova York. Quando voltei a trabalhar, preferia andar 20, 30 quarteirões a entrar no metrô, por medo”, relata o professor.