Em júri, suspeito de matar filho de 2 anos em BH diz que deu cotovelada 'sem querer'
Caso foi registrado em 2017 no bairro Serra Verde; no depoimento, réu alegou que costuma acordar assustado e gesticulando, e que golpe teria ocorrido assim

Por José Vítor Camilo
Sem querer. Essa foi a versão apresentada por um homem de 30 anos para o golpe que teria tirado a vida do filho dele, David Roger Alves da Silva, de 2 anos, em 2017 no bairro Serra Verde, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte. Réu pelo homicídio da criança, o suspeito alegou durante o seu depoimento no Tribunal do Júri da capital mineira, nesta segunda-feira (20 de maio), que costuma acordar "articulando de forma exaltada", e que, assim, teria atingido o garotinho de forma inconsciente.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), durante o júri do pai acusado de agredir o filho foram ouvidas quatro testemunhas, para além do réu. Durante o julgamento, o homem negou que tivesse matado o filho e, também, que o tenha agredido. "Afirmou que os dois estavam dormindo na cama e ao acordar assustado, sem querer, deu uma cotovelada na barriga do menino que estava ao seu lado. Disse que correu com a criança para o chuveiro, já que ela não respondia aos seus chamados. Logo depois, levou o filho para o hospital", detalhou o Fórum.
Questionado pelo juiz Thiago Gandra durante o depoimento sobre os diversos ferimentos constatados na perícia realizada no corpo da vítima, o pai de David alegou que as lesões no tórax e nas outras partes do corpo da criança seriam resultado da "tentativa dele em dar os primeiros socorros para reanimar o menino". Ainda durante o Júri, o homem chegou a afirmar que, atualmente, só dorme com o outro filho no colo e sentado, por precaução.
Relembre o crime
A morte do pequeno David Roger Alves da Silva aconteceu no dia 3 de julho de 2017, depois dele dar entrada no Hospital Risoleta Tolentino Neves. Na ocasião, o pai dele, então com 23 anos, alegou que o filho teria sofrido uma "crise asmática". Entretanto, após a morte da vítima, os ferimentos apresentados pela criança levaram os médicos a desconfiarem da versão e acionarem a Polícia Militar (PM).
O laudo do IML concluiu que a causa da morte de David foi hemorragia interna em decorrência de traumatismo no abdômen, que indicavam para lesões causadas por uma pancada, chute ou socos no abdômen e no tórax. “Não foi um acidente, primeiro pela gravidade dos ferimentos e pelo histórico de agressão, o garoto já tinha dado entrada na Upa Venda Nova, no final do ano passado, com traumatismo crânio cefálico. O pai disse que ele havia caído sozinho, mas o menino falou que o pai havia o empurrado no box do banheiro”, disse na época a delegada Fabíola Oliveira, responsável pelo indiciamento do homem.
Versão diferente
Ao ser preso em 2017, o pai da criança confessou ter dado uma cotovelada em David, porém alegou que foi assustado ao ser chamado pelo garoto. “Não fui eu quem matou meu filho, foi a droga. Eu só lembro da cotovelada que dei no Davi, sem querer, porque assustei com ele me chamando, se eu fiz algo além não me lembro. Tinha cheirado cocaína o dia inteiro”, disse na ocasião enquanto enxugava as lágrimas. Com uma tatuagem com o nome do filho no antebraço esquerdo, o homem chorava copiosamente durante a entrevista. Ele disse que amava o menino e que o relacionamento dos dois era tranquilo.
Questionado sobre outras agressões ele disse que só bateu em David uma vez com chinelo. “Apenas dei umas chineladas, não mais do que isso”, disse.
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