Crescimento de óbitos pela Covid-19 deve seguir em alta em Minas
Secretário de Estado de Saúde lembrou que os registros são consequência de casos que necessitaram de internação há pelo menos duas semanas

Por LUCAS MORAIS
31/03/21 - 16h25
Diante de uma pandemia sem trégua e com o crescimento da internação nos leitos de UTI, o elevado número de óbitos diários provocados pela Covid-19 deve seguir em Minas Gerais, afirmou o secretário de Estado de Saúde Fábio Baccheretti nesta quarta-feira (31) . A situação foi um dos principais motivos que levou o governo estadual a manter a maioria das regiões na Onda Roxa pelo menos até a próxima semana, quando será realizada uma nova avaliação. Com isso, seguem em vigor medidas mais restritivas, como o toque de recolher das 20h às 5h e o funcionamento apenas dos serviços essenciais. Todo o estado foi inserido na categoria mais dura do Minas Consciente há cerca de 15 dias.
"O óbito é o indicador mais tardio (sobre a transmissão), já que é uma consequência dos casos que necessitaram de internação há pelo menos duas semanas. Ainda veremos um aumento de mortes nessas regiões e depois volta a cair. Portanto, é um cenário nunca vivido pelo estado, o pior momento da pandemia, vinculado também às novas cepas que circulam", enfatizou o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti. Ao todo, o estado contabiliza mais de 24.000 mortes provocadas pelo vírus, com um crescimento na média móvel de 8,15% nesta semana.
Com mais tempo na fase mais restritiva, as regiões Triângulo Norte e Noroeste entraram na Onda Roxa há um mês. E diante dos resultados alcançados, como a redução de novos casos e mortes, além da ocupação do sistema de saúde ter melhorado, o comitê de enfrentamento à Covid-19 do governo estadual decidiu nesta quarta-feira (31) iniciar a flexibilização das atividades nessas áreas, que vão para a Onda Vermelha, que permite a abertura do comércio não essencial, mas com restrições e limite de ocupação.
“Isso mostrou o sucesso da Onda Roxa no Estado e os dados deixaram claro que o caminho que estamos seguindo é promissor em relação a pandemia. Percebemos um grande impacto nessas regiões para conter o avanço da doença”, declarou o secretário. Além disso, os municípios que fazem parte da microrregião de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, também podem avançar para a Onda Vermelha, menos restritiva, a partir da próxima segunda-feira (5).
“Tínhamos um platô e agora vemos queda da incidência da Covid-19; Em Patos, vemos ainda uma inflexão mais clara e aguda do número de casos novos, demonstrando que há um somatório entre a onda mais restritiva, o apoio dos gestores municipais e da população nesse grande esforço que levou à melhora dos indicadores”, afirmou Baccheretti. O secretário lembra que a avaliação dos números de todo o estado é constante.
“Todos os dias, cada microrregião é avaliada nos seus indicadores, tanto incidência (da Covid-19), ocupação dos leitos, óbitos e adicionamos agora uma análise de notificações de casos, que dá uma ideia mais precoce da doença”, explicou.
Impacto do feriado de Páscoa
O secretário lembrou ainda que as experiências com os feriados ao longo de um ano de pandemia não foram positivas, o que ajudou a elevar a pandemia para o atual patamar. “Em outros momentos, a incidência do vírus elevou-se duas semanas após as datas”, contou. Porém, Baccheretti alegou que a expectativa para o recesso prolongado da Páscoa, entre sexta-feira (2) e domingo (4), é de um comportamento diferente das pessoas.
“Estamos em Onda Roxa (a maioria dos municípios), o que significa que hotéis e pousadas não funcionam, há restrição de circulação em horários noturnos e apenas o comércio essencial está aberto. Vivemos um momento diferente dos outros feriados. Mas vale a pena ressaltar que o papel de cada um é que vai determinar o sucesso ou não desse momento”, argumentou.
O secretário também ressaltou que muitas pessoas querem estar juntos com suas famílias, só que a recomendação é permanecer em casa. “Entendemos que são 12 meses de pandemia, mas temos que ter atenção em qualquer reunião familiar e de amigos que aglomere pessoas. Isso aumenta muito o risco de contaminação e o vírus circula de forma muito mais intensa agora”, finalizou.
Dificuldades para contratação de profissionais
E mais uma vez, a dificuldade para a ampliação dos leitos de UTI e enfermaria, por conta da falta de profissionais especializados, foi ressaltado pelo governo. De acordo com o secretário, só nos hospitais da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) foram realizados mais de 70 chamamentos públicos. “O maior gargalo é a falta de médico. Aumentamos a remuneração, especialidades contempladas, mas mesmo assim há dificuldade de contratação por escassez de pessoas no mercado”, disse.
Desde o início da pandemia, o estado conseguiu dobrar o número de leitos de UTI, que saltaram de 2.200 vagas para 4.500. Uma das alternativas usadas para garantir essa expansão é a contratação de médicos menos experientes coordenados por profissionais com mais tempo de atuação na terapia intensiva. “Muitos médicos que contratamos trabalham em outros hospitais e não possuem disponibilidade de trabalhar em mais horários. O que fizemos foi misturar profissionais menos experientes com os mais experientes”, disse.
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