Saúde não tem orientação clara para casos de troca de doses da vacina anticovid.
Infectologista explica que ainda não há pesquisa sobre efeitos possíveis na combinação entre vacinas Por CINTHYA OLIVEIRA 28/04/21

Registros do Ministério da Saúde indicam que 2.360 moradores de Minas podem ter recebido vacinas trocadas ao buscar a segunda dose contra a Covid-19. O levantamento mostra que elas podem ter recebido uma dose de um fabricante diferente da primeira recebida – Coronavac ou Oxford/Astrazeneca, que são as marcas utilizadas hoje no país. O problema é que não existe uma orientação clara sobre como as secretarias de Saúde devem agir caso o erro aconteça.
O Ministério da Saúde afirma que recomenda aos Estados e aos municípios o acompanhamento e monitoramento das pessoas que vivenciaram casos de “intercâmbio vacinal”. “Esses indivíduos não poderão ser considerados como devidamente imunizados, no entanto, neste momento, não se recomenda a administração de doses adicionais de vacinas Covid-19”, diz o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 (PNO), sem especificar como deve ser realizado o monitoramento nem quais pontos devem ser observados pelos médicos.
O documento indica ainda que, em “casos nos quais o indivíduo tenha recebido a primeira dose de vacina Covid19 de um produtor (fabricante) e com menos de 14 dias venha a receber uma segunda dose de vacina de outro produtor (fabricante), a segunda dose deverá ser desconsiderada e reagendada uma segunda dose conforme intervalo indicado da primeira vacina Covid-19 recebida”.
De acordo com Estevão Urbano, infectologista e integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid em Belo Horizonte, não existe um protocolo para esse tipo de problema porque nunca houve uma pesquisa sobre efeitos possíveis na combinação entre vacinas contra a Covid dos fabricantes Sinovac/Butantan e Astrazeneca/Fiocruz.
“Estamos caminhando no lodo, não tem chão firme nesse caso. Todas as nossas recomendações são baseadas em ciência, e, nesse caso, nunca teve pesquisa. Vamos descobrir o que pode acontecer a partir do empirismo, da análise individual do especialista que acompanhar o caso”, explica.
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que, caso venha a ser detectado um caso de troca de imunizantes na aplicação da segunda dose, a orientação é acompanhar o caso individualmente. E cada cidade pode definir como se dá esse acompanhamento. “Deve-se usar o bom senso para se chegar a uma definição sobre isso”, completa Urbano.
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