PF diz que Bolsonaro transferiu R$ 800 mil aos EUA, esperando 'golpe' no Brasil

A quebra de sigilo bancário do então presidente demonstra que, prestes a encerrar o mandato, ele teria feito uma operação de câmbio de R$ 800 mil

PF diz que Bolsonaro transferiu R$ 800 mil aos EUA, esperando 'golpe' no Brasil
Bolsonaro em discurso em igreja na Flórida (EUA), quando estava em autoexílio — Foto: Reprodução

 

 

Por O Tempo Brasília 

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria transferido R$ 800 mil para um banco dos Estados Unidos antes de viajar com a família ao país no fim de dezembro de 2022 e evitar a passagem de faixa para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O objetivo da transferência, segundo investigação da Polícia Federal (PF), seria manter em solo americano enquanto uma tentativa de golpe de Estado se desdobrava no Brasil e, se necessário, se instalar no exterior para se precaver de um inquérito pela conspiração de ruptura do Estado democrático de direito.

As informações constam em um documento da PF publicado pela revista Veja nesta quarta-feira (14). A quebra de sigilo bancário do então presidente demonstra que, prestes a encerrar o mandato, Bolsonaro teria feito uma operação de câmbio de R$ 800 mil em 27 de dezembro de 2022. O dinheiro teria sido transferido para um banco com sede nos Estados Unidos onde o ex-presidente tem conta. 

“Evidencia-se que o então presidente Jair Bolsonaro, ao final do mandato, transferiu para os Estados Unidos todos os seus bens e recursos financeiros, ilícitos e lícitos, com a finalidade de assegurar sua permanência do exterior, possivelmente, aguardando o desfecho da tentativa de Golpe de Estado que estava em andamento”, afirma o documento da PF.

A PF observa que os recursos financeiros poderiam ser “ilícitos e lícitos” por suspeitar que parte do montante transferido tenha sido acumulado com o “desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras”. A tentativa de entrada ilegal de joias recebidas em viagens oficiais pelo governo Bolsonaro foi revelada em março de 2023 pelo Estadão.

Ainda de acordo com a PF, Bolsonaro e os demais investigados da Operação Tempus Veritatis, deflagrada na semana passada, “tinham a expectativa de que ainda havia possibilidade de consumação do golpe de Estado”. Da mesma forma "estavam cientes dos ilícitos cometidos e tentavam se precaver de eventual persecução penal”, ou seja, da instalação de um inquérito e da eventual responsabilização na Justiça pela tentativa de romper com o Estado democrático de direito.