Dino diz que CACs vendem armas para o PCC e Comando Vermelho ao defender decreto

O ministro da Justiça afirmou ainda que o recadastramento de armas em sistema da Polícia Federal tem o objetivo de 'combater o poder das facções'

Dino diz que CACs vendem armas para o PCC e Comando Vermelho ao defender decreto
Ministro da Justiça, Flávio Dino, em audiência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (28) — Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

 

 

Por Lucyenne Landim Publicado em 28 de março de 2023 | 17h06 - Atualizado em 28 de março de 2023 | 19h11

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, acusou, nesta terça-feira (28), parte dos chamados CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores) de contribuírem com o crime organizado ao venderem armas de fogo para facções. Dino defendeu o recadastramento de armas, determinado pela pasta por meio de decreto em fevereiro, como forma de "combater o poder das facções".

"Existem armamentistas sérios no Brasil, creio que a imensa maioria, mas Jesus Cristo recrutou todos e um se vendeu, Judas. A essa altura, nenhum dos propagadores do armamentismo vai dizer que todos que têm registro de CAC têm asas e são anjos. Um ou outro escapa. O que essas figuras do mal têm feito? Em vez de darem o tiro esportivo ou fazerem coleção, estão vendendo arma para o PCC e para o Comando Vermelho. Isso existe. Nós vamos fechar as portas para cometimento de crime, é esse o decreto que nós adotamos", disse. 

Dino afirmou que "há uma lenda urbana" de que o aumento do acesso a armas para a população civil reduziu a criminalidade, mas que a afirmação, amplamente defendida por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas que a afirmação é uma "mentira" e um "desrespeito com as forças policiais". 

O ministro frisou que o recadastramento em sistema da Polícia Federal visa "separar o joio do trigo" e que já há mais armas recadastradas do que havia no sistema em período anterior ao decreto. "Ou seja, aqueles que diziam que nós queríamos fazer o recadastramento para confiscar armas, nós estamos contribuindo para que pessoas que estavam na ilegalidade venham para a lei. Isso faz com que nós provemos que o recadastramento é bom", disse.

Flávio Dino acrescentou que está finalizando as nova regulamentação sobre armas para apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Nós não queremos impor nossa pauta, mas não queremos que ninguém imponha a sua sobre nós. Porque nós ganhamos a eleição legitimamente e compreendemos que governamos para todos", frisou.

"Para nós do governo do presidente Lula, lei é coisa séria, e o Supremo Tribunal Federal disse seguidas vezes que o ‘liberou geral’ de armas estava errado. É nesta moldura que nós assumimos em 1º de janeiro de 2023, uma política errada, sem base cientifica e declarada inconstitucional pelo STF. O que faríamos nós? Rasgar a ordem do STF, tentar agredir o Supremo? Não, esses não somos nós. Esses são outros. Nós cumprimos as decisões do Supremo", acrescentou.

As declarações foram feitas na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Dino foi chamado para explicar também sua visita ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, e as ações de sua pasta sobre os atos criminosos de 8 de janeiro, que terminaram na invasão e depredação de prédios públicos, em Brasília (DF), por bolsonaristas radicais.