MONTANHA-RUSSA Último título estadual do Cruzeiro foi com trabalho longo de treinador

Mano Menezes estava há quase três anos no comando da Raposa quando venceu o Mineiro de forma invicta, superando o Atlético

MONTANHA-RUSSA Último título estadual do Cruzeiro foi com trabalho longo de treinador
Mano Menezes estava há quase três anos no comando da Raposa quando venceu o Mineiro em 2019_ Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro

O ano de 2019 começou bem para a torcida cruzeirense, que vinha de um bicampeonato da Copa do Brasil, feito até hoje inédito e que mantém o clube como recordista de títulos na competição, com seis taças levantadas. Na ocasião, a equipe comandada por Mano Menezes sagrou-se campeã do Campeonato Mineiro de maneira invicta, superando o rival Atlético na grande final. A torcida celeste não poderia imaginar que o título, longe de ser comemorado euforicamente, ao invés de prenúncio de uma temporada de sucessos, se reverteria justamente em seu contrário. Em dezembro daquele ano, o Cruzeiro seria rebaixado pela primeira vez em sua história, iniciando um martírio que talvez ainda não tenha dado seu último suspiro. Depois de três anos consecutivos amargando a segundona, a equipe voltou cambaleando à elite e lutou para fugir da degola em 2023.

 

Porém, outro incômodo permanece: o jejum de títulos que a conquista da Série B, em 2022, não aliviou, por se tratar de algo que só é conquistado mediante uma humilhação terrível para grandes equipes. Até mesmo o outrora renegado Mineiro, apelidado pelo ex-presidente do clube Zezé Perrella de “campeonato rural”, serviria de consolo nesse momento de privações, em que a chance de assistir à sexta conquista do rival toma contornos quase inevitáveis. 

 

Fato é que quando ergueu a última taça de estadual do Cruzeiro, Mano estava há quase três anos no cargo, o que o permitiu consolidar um trabalho, uma filosofia de jogo, com cada jogador sabendo exatamente quais funções deveria executar em campo, e com uma dinâmica de grupo bem estabelecida pelo comando incontestável do treinador. De lá pra cá, o mais perto que a Raposa chegou disso foi nas gestões do uruguaio Pezzolano, que preferiu trocar o Cruzeiro pelo outro clube de Ronaldo Fenômeno, numa negociação para lá de esquisita, e durante a última passagem de Fernando Seabra, cujo trabalho foi implodido por uma declaração arrogante e desastrosa de Pedro Lourenço, atual mandatário, exigindo a escalação de jogadores caros. 

 

A demissão do português Pepa foi outro equívoco inexplicável, que versões correntes na imprensa colocam na conta do interesse da gestão de Ronaldo de apostar em jogadores jovens para revendê-los e lucrar com o investimento feito no clube.

 

Entre a demissão de Mano, em 2019, e a chegada do português Leonardo Jardim, 18 técnicos passaram pelo Cruzeiro, entre interinos e contratados, numa montanha-russa de estilos e trajetórias que explica a desorientação do time em campo e a falta de conquistas. 

Rogério Ceni, Abel Braga e Adílson Batista participaram do rebaixamento em 2019. Enderson Moreira, Ney Franco, Luiz Felipe Scolari e o interino Célio Lúcio foram incapazes de levar o Cruzeiro ao acesso em 2020. Assim como Felipe Conceição, Mozart e Vanderlei Luxemburgo em 2021.

 

No ano seguinte, Pezzolano comandou o trabalho do início ao fim e conquistou a Série B, mas preferiu sair do clube no início de 2023, quando a montanha-russa recomeçou com Pepa, o interino Seabra, Zé Ricardo e finalizou com Paulo Autuori livrando a equipe de novo rebaixamento nas rodadas finais. 

 

No ano passado, o argentino Nicolás Larcamón não resistiu à perda do título do Mineiro para o Atlético e foi substituído por Fernanda Seabra, cujo trabalho foi interrompido para a chegada de Fernando Diniz, detentor de números pavorosos no comando da Raposa, incluindo a perda do título da Sul-Americana na final para o Racing, em que a equipe foi facilmente superada.O interino Wesley Carvalho foi o último a comandar os celestes antes da chegada de Leonardo Jardim, que, com apenas três jogos, está eliminado do Campeonato Mineiro após uma derrota e dois empates com o América