IMIGRAÇÃO EUA deportaram ao menos 7,6 mil brasileiros em 5 anos; veja dados da Polícia Federal

O ano com o maior número de imigrantes que retornaram ao Brasil em voos vindos da fronteira do México foi 2021

IMIGRAÇÃO EUA deportaram ao menos 7,6 mil brasileiros em 5 anos; veja dados da Polícia Federal
Brasileiros deportados dos EUA chegam em BH nesta sexta _Foto: Ramon Bitencourt/O Tempo

Os Estados Unidos deportaram ao menos 7,8 mil brasileiros, entre 2020 e 2024, de acordo com dados da Polícia Federal (PF). O ano com o maior número de imigrantes que retornaram ao Brasil em voos vindos da fronteira do México foi 2021. O cálculo da corporação não leva em conta passageiros que foram enviados pelas forças de segurança norte-americanas em viagens comerciais. Ao todo, segundo a PF, foram 7.637 cidadãos deportados entre 2020 e 2024, em voos fretados pela U.S. Immigration and Customs Enforcement - agência federal responsável pela pauta nos Estados Unidos -, após serem detidos em centros de detenção na fronteira do México. “Não incluem eventuais inadmitidos em aeroportos americanos, que retornam em voos comerciais. Esses números não são divulgados pelas autoridades americanas”, diz a PF. 

 

2020

 

- 21 voos

- 1138 deportados

 

2021

 

- 24 voos

- 2188 deportados

2022

 

- 17 voos

- 1423 deportados

 

2023

 

- 16 voos 

- 1240 deportados

 

2024

- 16 voos

- 1648 deportados

 

O presidente Donald Trump anunciou que prendeu 585 imigrantes nesta semana e que “centenas” seriam encaminhados de volta aos países de origem. Na noite desta sexta-feira, o Brasil receberá um voo com dezenas de deportados, que vão desembarcar no Aeroporto Internacional Presidente Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte. 

 

A operação será coordenada pela Polícia Federal. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, quem é deportado dos Estados Unidos não retorna ao Brasil com pendências judiciais. “A ocorrência de um delito nos EUA não tem qualquer validade no Brasil. Portanto, se você foi deportado, não terá que prestar contas à justiça brasileira em relação ao delito cometido nos Estados Unidos”, disse o Itamaraty. No processo de retorno ao país de origem, o cidadão imigrante permanece preso, entre um a três meses, nos Estados Unidos, até que seja deportado. O processo é feito, na maioria das vezes, de maneira involuntária. Mas poderá ser voluntária, conforme a pasta. “Pela deportação voluntária, o estrangeiro abdica do direito a audiências de julgamento e arca com as despesas de seu retorno a seu país de origem”, complementa. 

 

Trump vê imigrantes como criminosos 

A professora da Universidade do Vale do Rio Doce Sueli Siqueira explicou que o cenário para os imigrantes brasileiros nos Estados Unidos não deve sofrer tantas alterações, em relação às deportações. A docente, doutora em estudos migratórios, lembrou que nas gestões dos democratas de Barack Obama e Joe Biden, o número de cidadãos enviados aos países de origem foi superior ao primeiro governo de Trump. 

 

Sueli, contudo, avaliou que neste segundo mandato, o republicano deverá intensificar a fiscalização nas fronteiras e nas cidades, além de criminalizar os imigrantes. “Trump, agora, colocou no discurso dele, e fica muito claro, que ele tornou o imigrante um criminoso, mesmo que sejam trabalhadores em busca de trabalho, que estão trabalhando, pagando impostos e produzindo para o país”, re

Siqueira ressaltou a suspensão dos procedimentos de entrevistas no processo de legalização dos estrangeiros, além de propor normas que vão dificultar a regularização de quem está com documentação irregular no país. “Anteriormente, era muito comum as pessoas serem presas em uma blitz policial, com documentação falsa, ou por cometerem qualquer tipo de delito. Agora, a prisão será automática. Não vai ter mais um prazo para se justificar. Algumas medidas, de fato, tornam a vida do imigrante, seja ele de qualquer nacionalidade, mais difícil”, completou. 

 

Por fim, a especialista citou que a histórica demanda norte-americana por mão de obra estrangeira não deve conter o ímpeto de Trump. Estudos conduzidos por ela indicam que há uma queda no valor da hora de trabalho e também na oferta de trabalho. “As condições de moradia também estão muito ruins. Isso, por si só, já deveria fazer com que o fluxo migratório caísse. Mas não cai porque é um fluxo histórico, que existe há mais de 50 anos, colocando a migração como algo positivo”, sintetizou. latou