‘Flurona’ é mais grave que Covid? Entenda riscos após primeiro caso em BH

‘Flurona’ é mais grave que Covid? Entenda riscos após primeiro caso em BH
Sintomas de gripe e Covid-19 se assemelham. Prefeitura de BH detalha quem pode fazer teste para cada doença Foto: Pexels

 

 

 

 

Por GABRIEL RODRIGUES

 

Nesta terça-feira (11), a Prefeitura de Belo Horizonte confirmou o primeiro caso de “flurona” da capital. Não há evidências de que a coinfecção por Covid-19 e por influenza cause quadros mais graves — o paciente que foi diagnosticado na cidade, um homem de 60 anos, teve sintomas leves e já é considerado curado. Ainda assim, especialistas recomendam atenção aos grupos mais suscetíveis ao agravamento das duas doenças, neste momento de intensa circulação dos dois vírus. 

“A ocorrência de dois vírus respiratórios ao mesmo tempo não é infrequente e não é algo que nos assusta. A única preocupação é quando essa coinfecção acomete idosos, crianças e pessoas com imunossupressão, que podem ter agravamento de uma das doenças”, pontua a infectologista e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Raquel Stucchi. 

O infectologista Estevão Urbano, membro do comitê de enfrentamento à pandemia da prefeitura, pondera que, mesmo sem sinais claros que a "flurona" possa ser mias grave que a Covid-19, é necessário mais estudos para descartar essa hipótese. "É um quadro com o qual devemos nos preocupar, porque não sabemos ao certo se a gravidade da doença com os dois vírus é maior. Isso é pouco conhecido na literatura e existe potencial para doença mais grave. Só de haver alguma dúvida, as pessoas devem se cuidar bastante em relação a esse contágio", avalia. 

Os sintomas das duas doenças se confundem, embora com diferenças como a intensidade da febre — que costuma ser maior no início da gripe e, no caso da Covid-19, é mais frequente após os primeiros dias de sintomas. Mas os dois vírus, de tipos diferentes, não têm chance de se “fundirem” ou formarem um terceiro patógeno no organismo dos infectados. Existe, ainda, a chance de que os exames detectem material de um dos vírus até depois de a infecção já ter terminado, isto é, quando a pessoa não está mais de fato doente. 

A forma de transmissão das duas doenças, especialmente pelo ar, também é similar, tanto que, no início da pandemia, os casos de gripe foram derrubados devido aos cuidados contra a Covid-19. “Muitas pessoas pegando Influenza é indicativo de que as medidas de proteção não estão sendo utilizadas, isso é problemático”, diz o infectologista Geraldo Cury. Uso de máscara bem-ajustada ao rosto, evitar aglomerações e privilegiar locais abertos e arejados, além da higienização das mãos, continuam sendo as medidas preventivas mais eficazes, somadas à vacinação.

Testar para as duas doenças é importante

Sem a testagem para as duas doenças ao mesmo tempo, pesquisadores, médicos e o poder público ficam “no escuro” sobre progressão da pandemia, pontua a infectologista Raquel Stucchi. “Precisamos entender essa dinâmica para não atribuir a uma outra doença a alta de casos que está acontecendo e até para entender a importância da ômicron neste mesmo. Com o diagnóstico firmado, é possível o profissional de saúde estabelecer com segurança o tempo de isolamento, as medicações que podem ser feitas ou contraindicadas e orientar adequadamente sobre sinais de alarme de cada uma das doenças. O ideal seria ampliar os diagnósticos na rede pública”, elabora a especialista. 

A Secretaria Municipal de Saúde de BH garante que os pacientes podem ser testados para as duas doenças nas unidades de saúde públicas. “Todos os pacientes que procuram as UPAs e Centros de Saúde, com sintomas respiratórios, são testados, por meio de teste antígeno (teste rápido), para Covid-19, para diagnóstico diferenciado. Conforme protocolo do Ministério da Saúde são testados para Influenza pacientes que procuram as UPAs com quadros gripais, como febre, dor de garganta, tosse e dor no corpo. Esta testagem é realizada por meio de amostragem nas UPAs sentinelas. Também é realizado o exame para detecção de Influenza em hospitais sentinelas em todos os pacientes internados com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)”, afirma, por meio de nota.