Ex-cunhada indica em gravações envolvimento direto de Bolsonaro em caso da ‘rachadinha’, diz site

Em áudio divulgado pelo ‘UOL’, Andrea Siqueira Valle diz que parente foi demitido de gabinete do presidente quando ele era deputado federal por não devolver parte do salário

Ex-cunhada indica em gravações envolvimento direto de Bolsonaro em caso da ‘rachadinha’, diz site
Presidente Jair Bolsonaro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

 

O Globo

05/07/2021 - 10:20 / Atualizado em 05/07/2021 - 12:03

RIO — A ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, disse que o mandatário demitiu seu irmão, André Siqueira Valle, porque ele se recusou a entregar a maior parte de seu salário a Bolsonaro, que na época era deputado federal. É o que mostram áudios de Andrea obtidos pelo site “UOL”. Nas gravações, a fisiculturista diz ainda que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro e denunciado pelo Ministério Público no esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), não foi o único a recolher os salários dos funcionários do atual senador. Ela aponta que a maior parte do salário que recebia do gabinete do filho mais velho do presidente era recolhida pelo coronel da reserva do Exército Guilherme dos Santos Hudson. 

 

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Assim como Queiroz, o senador Flávio também é investigado pelo MP no esquema que orientava assessores do seu antigo gabinete a devolver parte de seu salário. De acordo com o áudio de Andrea, a prática também seria feita por Bolsonaro na época em que ele esteve na Câmara federal. O presidente foi deputado federal entre 1991 e 2018.

— O André dava muito problema, porque o André nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, André devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um tempão assim, até que o Jair pegou e falou: 'Chega, pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo' — disse Andrea no áudio obtido pelo “UOL”. 

Andrea e André são irmãos de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro e mãe do filho mais novo do presidente, Renan. Andrea foi assessora de Bolsonaro na Câmara entre setembro de 1998 e novembro de 2006. Depois, trabalhou no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (de novembro de 2006 a setembro de 2008) e de Flávio (de agosto de 2008 a agosto de 2018), período em que ele esteve na Alerj.

Já André foi lotado no gabinete de Jair por pouco menos de um ano, entre novembro de 2006 e outubro de 2007. Antes, tinha trabalhado em dois momentos como assessor do filho “02” do presidente, Carlos: de agosto de 2001 a fevereiro de 2005, e de fevereiro de 2006 a novembro do mesmo ano. 

 

— Não é pouca coisa que eu sei, não. É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, posso ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu? É por isso que eles têm medo aí e manda eu ficar quientinha, não sei o que, tal. Entendeu? É esse negócio aí — diz Andrea em um dos áudios. 

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De acordo com a ex-cunhada do presidente, o coronel da reserva do Exército Guilherme dos Santos Hudson era responsável em recolher grande parte de salário na época que trabalha no gabinete de Flávio. O militar, tio de Andrea, André e Cristina, foi assessor do então deputado estadual entre junho e agosto de 2018. 

— O tio Hudson também já até tirou o corpo fora, porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levava e buscava no banco era ele — diz Andrea, que também diz: — Na hora que eu tava aí fornencendo também, e ele também estava me ajudando, lógico, e eu também estava. Porque eu ficava com mil e pouco e ele ficava com R$ 7 mil. Então assim, certo ou errado, agora já foi. Não tem jeito de voltar atrás.

ENTENDA O CASO QUEIROZ E AS 'RACHADINHAS' EM IMAGENS

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SIGILO RECUPERADO - Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) votaram, no dia 23 de fevereiro de 2021, a favor de um pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) para anular a quebra de sigilo fiscal e bancário no caso das rachadinhas Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

SIGILO RECUPERADO - Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) votaram, no dia 23 de fevereiro de 2021, a favor de um pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) para anular a quebra de sigilo fiscal e bancário no caso das rachadinhas Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

MOVIMENTAÇÃO ATÍPICA - No fim de 2018, o Coaf apontou “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão, em 2016 e 2017, nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio. Oito assessores do ex-deputado estadual transferiram recursos a Queiroz em datas próximas ao pagamento de servidores da Alerj. Segundo o Coaf, Flávio recebeu 48 depósitos no valor de R$ 2 mil Foto: Arquivo pessoal

MOVIMENTAÇÃO ATÍPICA - No fim de 2018, o Coaf apontou “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão, em 2016 e 2017, nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio. Oito assessores do ex-deputado estadual transferiram recursos a Queiroz em datas próximas ao pagamento de servidores da Alerj. Segundo o Coaf, Flávio recebeu 48 depósitos no valor de R$ 2 mil Foto: Arquivo pessoal

DENUNCIADO - O procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, denunciou ao Tribunal de Justiça do Rio o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), seu ex-assessor Fabrício Queiroz e mais 15 pessoas pelos crimes de organização ciminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita no escândalo da rachadinha no antigo gabinete de Flávio na Alerj. A denúncia foi oferecida no dia 19 de outubro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

DENUNCIADO - O procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, denunciou ao Tribunal de Justiça do Rio o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), seu ex-assessor Fabrício Queiroz e mais 15 pessoas pelos crimes de organização ciminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita no escândalo da rachadinha no antigo gabinete de Flávio na Alerj. A denúncia foi oferecida no dia 19 de outubro Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

PRISÃO PREVENTIVA - Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz foi preso na manhã de 18 de junho de 2020, em operação conjunta do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil de São Paulo denominada Anjo – apelido de Frederick Wassef, advogado de Flávio e proprietário do imóvel onde Queiroz foi encontrado, em Atibaia, interior de São Paulo Foto: Nelson Almeida / AFP

PRISÃO PREVENTIVA - Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz foi preso na manhã de 18 de junho de 2020, em operação conjunta do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil de São Paulo denominada Anjo – apelido de Frederick Wassef, advogado de Flávio e proprietário do imóvel onde Queiroz foi encontrado, em Atibaia, interior de São Paulo Foto: Nelson Almeida / AFP

PRISÃO DOMICILIAR - Com prisão temporária decretada em junho e dada como foragida, antes mesmo de ser encontrada, Márcia Aguiar, a mulher de Fabricio Queiroz foi beneficiada por decisão do pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, no dia 9 de julho, que determinou prisão domiciliar para o casal Foto: Betinho Casas Novas

PRISÃO DOMICILIAR - Com prisão temporária decretada em junho e dada como foragida, antes mesmo de ser encontrada, Márcia Aguiar, a mulher de Fabricio Queiroz foi beneficiada por decisão do pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, no dia 9 de julho, que determinou prisão domiciliar para o casal Foto: Betinho Casas Novas

 

ANJO - Queiroz foi localizado em imóvel de propriedade de Frederick Wassef (à esquerda), que esteve na posse de Fábio Farias como ministro das Comunicações na véspera da prisã preventiva de Queiroz. A operação do Ministério Público do Rio de Janeiro e Polícia Civil de São Paulo foi batizada de Anjo, apelido do advogado do senador Foto: Jorge William / Agência O Globo

ANJO - Queiroz foi localizado em imóvel de propriedade de Frederick Wassef (à esquerda), que esteve na posse de Fábio Farias como ministro das Comunicações na véspera da prisã preventiva de Queiroz. A operação do Ministério Público do Rio de Janeiro e Polícia Civil de São Paulo foi batizada de Anjo, apelido do advogado do senador Foto: Jorge William / Agência O Globo

A FILHA - Equipe do MP esteve, em 18 de dezembro de 2019, no condomínio onde morava Evelyn Queiroz, filha do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

A FILHA - Equipe do MP esteve, em 18 de dezembro de 2019, no condomínio onde morava Evelyn Queiroz, filha do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

MUDANÇA NO COAF - No dia 8 de janeiro de 2020, presidente Bolsonaro transfere o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Economia para o Banco Central Foto: Jorge William / Agência O Globo

MUDANÇA NO COAF - No dia 8 de janeiro de 2020, presidente Bolsonaro transfere o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Economia para o Banco Central Foto: Jorge William / Agência O Globo

FALTA EM DEPOIMENTO - Após faltar a quatro depoimentos ao MP, alegando problemas de saúde, Queiroz afirmou, em dezembro, que a “movimentação atípica” revelada pelo Coaf teve origem na compra e venda de veículos. Em janeiro, Flávio Bolsonaro também não prestou depoimento, argumentando que iria marcar uma nova data após ter acesso ao caso Foto: Reprodução / SBT

FALTA EM DEPOIMENTO - Após faltar a quatro depoimentos ao MP, alegando problemas de saúde, Queiroz afirmou, em dezembro, que a “movimentação atípica” revelada pelo Coaf teve origem na compra e venda de veículos. Em janeiro, Flávio Bolsonaro também não prestou depoimento, argumentando que iria marcar uma nova data após ter acesso ao caso Foto: Reprodução / SBT

PEDIDO NEGADO - Em janeiro, no recesso do STF, o ministro Luiz Fux suspendeu as investigações temporariamente, a pedido de Flávio. Em fevereiro, Marco Aurélio revogou a decisão e autorizou o MPRJ a continuar com a apuração. Flávio havia pedido a transferência do caso para o STF e a anulação de provas Foto: Jorge William / Agência O Globo

PEDIDO NEGADO - Em janeiro, no recesso do STF, o ministro Luiz Fux suspendeu as investigações temporariamente, a pedido de Flávio. Em fevereiro, Marco Aurélio revogou a decisão e autorizou o MPRJ a continuar com a apuração. Flávio havia pedido a transferência do caso para o STF e a anulação de provas Foto: Jorge William / Agência O Globo

 

FLÁVIO E 26 - Em entrevista coletiva, o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, afirmou que Flávio Bolsonaro e os outros 26 deputados estaduais com assessores citados em relatório do Coaf são alvo de investigações na área cível Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil / Fernando Frazão / Agência Brasil

FLÁVIO E 26 - Em entrevista coletiva, o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, afirmou que Flávio Bolsonaro e os outros 26 deputados estaduais com assessores citados em relatório do Coaf são alvo de investigações na área cível Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil / Fernando Frazão / Agência Brasil

DEVOLVOLUÇÃO DE SALÁRIOS - Em março, Queiroz admitiu, em depoimento, que os valores recebidos por servidores do gabinete eram usados para “multiplicar a base eleitoral” de Flávio. Um ex-funcionário afirmou que repassava quase 60% do salário. O MP não encontrou evidências de que o fluxo bancário de Queiroz teve origem no comércio de carros Foto: Divulgação

DEVOLVOLUÇÃO DE SALÁRIOS - Em março, Queiroz admitiu, em depoimento, que os valores recebidos por servidores do gabinete eram usados para “multiplicar a base eleitoral” de Flávio. Um ex-funcionário afirmou que repassava quase 60% do salário. O MP não encontrou evidências de que o fluxo bancário de Queiroz teve origem no comércio de carros Foto: Divulgação

QUEBRA DE SIGILO - A pedido do MP, o Tribunal de Justiça do Rio autorizou, em abril, a quebra de sigilo bancário de Flávio e de Queiroz para o período de janeiro de 2007 a dezembro de 2018. A medida se estende a seus respectivos familiares e a outros 88 ex-funcionários do gabinete do ex-deputado estadual, seus familiares e empresas relacionadas a eles Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado / 09-05-2019

QUEBRA DE SIGILO - A pedido do MP, o Tribunal de Justiça do Rio autorizou, em abril, a quebra de sigilo bancário de Flávio e de Queiroz para o período de janeiro de 2007 a dezembro de 2018. A medida se estende a seus respectivos familiares e a outros 88 ex-funcionários do gabinete do ex-deputado estadual, seus familiares e empresas relacionadas a eles Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado / 09-05-2019

DINHEIRO VIVO - Em fevereiro, Queiroz pagou em espécie R$ 64,58 mil por uma cirurgia ao hospital israelita Albert Einstein , em São Paulo. Ele foi internado na unidade em janeiro, quando retirou um câncer no cólon. Desde que recebeu alta, nunca se soube o valor das despesas pagas pelo procedimento Foto: Reprodução

DINHEIRO VIVO - Em fevereiro, Queiroz pagou em espécie R$ 64,58 mil por uma cirurgia ao hospital israelita Albert Einstein , em São Paulo. Ele foi internado na unidade em janeiro, quando retirou um câncer no cólon. Desde que recebeu alta, nunca se soube o valor das despesas pagas pelo procedimento Foto: Reprodução

DECISÃO LIMINAR - Em 20 de junho de 2019, a Justiça do Rio decidiu suspender a quebra de sigilo da empresa MCA Participação e Exportações e de um de seus sócios, Marcelo Cattaneo Adorno. Ambos integravam a lista dos 95 alvos da investigação do Caso Queiroz Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo

DECISÃO LIMINAR - Em 20 de junho de 2019, a Justiça do Rio decidiu suspender a quebra de sigilo da empresa MCA Participação e Exportações e de um de seus sócios, Marcelo Cattaneo Adorno. Ambos integravam a lista dos 95 alvos da investigação do Caso Queiroz Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo

 

LIMINAR NEGADA - Em 26 de junho de 2019, o desembargador Antônio Carlos Nascimento Amado, do Tribunal de Justiça do Rio, negou pedido de Flávio para suspender a quebra de sigilo feita a pedido do MP-RJ Foto: Márcio Alves / Agência O Globo

LIMINAR NEGADA - Em 26 de junho de 2019, o desembargador Antônio Carlos Nascimento Amado, do Tribunal de Justiça do Rio, negou pedido de Flávio para suspender a quebra de sigilo feita a pedido do MP-RJ Foto: Márcio Alves / Agência O Globo

NOVOS ALVOS - Em 28 de junho de 2019, a 27ª Vara Criminal do Rio autorizou a quebra dos sigilos de mais oito pessoas ligadas ao antigo gabinete de Flávio. A decisão ocorreu dois meses após a quebra dos silgilos de outras 86 pessoas e nove empresas ligadas ao antigo gabinete do filho do presidente. Foto: Jorge William / Agência O Globo

NOVOS ALVOS - Em 28 de junho de 2019, a 27ª Vara Criminal do Rio autorizou a quebra dos sigilos de mais oito pessoas ligadas ao antigo gabinete de Flávio. A decisão ocorreu dois meses após a quebra dos silgilos de outras 86 pessoas e nove empresas ligadas ao antigo gabinete do filho do presidente. Foto: Jorge William / Agência O Globo

INVESTIGAÇÃO SUSPENSA - Em 16 de julho de 2019, o ministro Dias Toffoli, do STF, suspendeu processos judiciais em que dados bancários de investigados tenham sido compartilhados por órgãos de controle sem autorização da Justiça. Trata-se de resposta a um pedido de Flávio que pode beneficiá-lo no Caso Queiroz Foto: Agência Senado

INVESTIGAÇÃO SUSPENSA - Em 16 de julho de 2019, o ministro Dias Toffoli, do STF, suspendeu processos judiciais em que dados bancários de investigados tenham sido compartilhados por órgãos de controle sem autorização da Justiça. Trata-se de resposta a um pedido de Flávio que pode beneficiá-lo no Caso Queiroz Foto: Agência Senado

 

Mulher e filha de Queiroz citam Bolsonaro

Em outra troca de mensagens obtida pelo “UOL”, a mulher e a filha de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, citam o presidente Jair Bolsonaro e se referem a ele como “01”. Segundo a reportagem, os áudios são de outubro de 2019, época que o ex-assessor estava escondido na casa da família Bolsonaro, Frederick Wassef, em Atibaia, interior de São Paulo. 

Leia: Empresário que comprou apartamento de Flávio Bolsonaro no Rio já respondeu por corrupção, lavagem e fraude

Na conversa, Márcia e Nathália falam sobre o desejo de Queiroz de voltar para a política. No entanto, a mulher do ex-assessor diz que o marido não conseguiria isso por resistência do próprio Bolsonaro. 

— É que ainda não caiu a ficha dele que agora voltar para a política, voltar para o que ele fazia tão cedo... esquece. Bota ano para ele voltar. Até porque o "01", o Jair, não vai deixar. Tá entendendo? Não pelo Flávio, mas enfim. Ainda não caiu essa ficha dele. Fazer o quê?

De acordo com o “UOL”, a troca de mensagens ocorreu após o GLOBO revelar, em outubro de 2019, que Queiroz seguia fazendo articulações políticas apesar das investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) sobre o caso do “rachadinha”. 

Leia também:Atuação no Supremo expõe divisão entre advogados de Flávio Bolsonaro no caso da 'rachadinha'

Tanto Márcia quanto Nathália foram lotadas no gabinete de Flávio. A mulher de Queiroz trabalhou como assessora do então deputado entre março de 2007 e setembro de 2017. Já Nathália ficou de setembro de 2007 a dezembro de 2016. Depois, virou assessora de Jair Bolsonaro de dezembro de 2016 até outubro de 2018. 

Já em outro áudio obtido pelo “UOL”, Queiroz fala de Wassef, se referindo a ele como “Anjo”, seu apelido. O ex-assessor foi preso em junho do ano passado, enquanto estava na casa do advogado da família Bolsonaro. 

— E todas as pessoas que eu falo, eu sempre falo: 'meu irmão, apaga, escreveu apaga'. Eu sei com quem eu conversei esse assunto aí. Chateadão também por causa disso. Tu lembra que eu falo: 'apaga, apaga, apaga, apaga...? Aí deu nisso aí. O "Anjo" também, a primeira coisa que o "Anjo" chegou pra mim e falou na minha cara foi: "você foi traído, você foi traído ontem à noite'.

Ao “UOL”, Wassef afirmou que os fatos narrados por Andrea "são narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos".

Ao GLOBO, o advogado da família Bolsonaro negou qualquer ilegalidade e afirmou que as acusações têm como motivação a corrida eleitoral à Presidência em 2022.

“Após dois anos e meio na Presidência sem um único caso de corrupção, o presidente Jair Bolsonaro é vítima de calunias e fraudes para tentar atingir sua imagem e reputação. Estão requentando a velha mentira de rachadinha que não conseguiram provar até hoje com áudio clandestino editado e fraudulento sobre fatos inexistentes de mais de 14 anos atrás.  Jamais existiu qualquer esquema no gabinete do então deputado federal Jair M. Bolsonaro”, disse Wassef em nota.