Covas diz que Saúde rejeitou ofertas de 60 a 100 milhões de doses em 2020

Diretor do Butantan levou documentos para mostrar que, se o primeiro contrato fosse feito, as 60 milhões de doses seriam entregues ainda no ano passado Por DA REDAÇÃO 27/05/21 - 10h43

Covas diz que Saúde rejeitou ofertas de 60 a 100 milhões de doses em 2020
Dimas Covas, presidente do instituto Butantan Foto: Reprodução/TV Senado

O diretor do instituto Butatan Dimas Covas afirmou que a entidade fez três ofertas de vacinas ao governo federal ainda no ano passado e que foram rejeitadas pelo Ministério da Saúde. As informações foram dadas à CPI da Covid-19 no Senado, na qual ele é ouvido como testemunha.

Nessas ofertas, segundo Dimas Covas, o Butatan ofereceu, primeiro, em julho, 60 milhões de doses, que poderiam ser entregues todas ainda no último trimestre de 2020. O governo, segundo ele, não teria dado resposta positiva à oferta. Em agosto, o instituto teria voltado a fazer a mesma oferta e solicitou recursos de finaciamento de R$ 80 milhões para os estudos clínicos e para a reforma de uma fábrica. Também não houve resposta.

Em outubro, após uma sinalização positiva do governo de de um acordo poderia ser feito, o Butantan ampliou a oferta para garantir 100 milhões de doses ao Plano Nacional de Imunicação (PNI), sendo 45 milhões ainda em dezembro do ano passado, 15 milhões de doses em fevereiro e outras 50 milhões até maio. Apesar das sinalizações positivas feitas, segundo ele, pelo então ministro Eduardo Pazuello, de que o acordo seria fechado, o presidente da República barrou o progresso. No episódio, Jair Bolsonaro disse publicamente que não faria o acordo com o Butatan, atrasando a negociação. Em resposta, o Pazuello disse: "É simples assim: um manda e outro obedece".

Segundo Dimas Covas, a situação só começou a mudar quando o Estado de São Paulo e outras unidades da federação começaram a firmar acordos com o instituto para garantir doses da vacina diretamente. Com isso e com as dificuldades de conseguir trazer da Índia os imunizantes da AstraZeneca, o governo de Jair Bolsonaro, enfim, no dia 6 de janeiro, decidiu solicitar uma nova oferta por parte do Butantan. Na ocasião, porém, o Butantan já não conseguiria cumprir mais o cronograma inicialmente proposto, já que a Sinovac, responsável pelas primeiras doses, já tinha fechado outros compromissos pelo mundo. O primeiro contrato foi feito no dia 7 de janeiro, para a produção de 46 milhões de doses, embora o Butatan tenha oferecido 100 milhões de doses. Essas doses terminaram de ser entregues no dia 12 de maio, apenas 12 dias após o prazo final para cumprimento do contrato. Em 12 de fevereiro, o governo fechou um  novo contrato para adquirir as demais 54 milhões de doses, que devem ser entregues até setembro de 2021.