'Coronel Brilhante Ustra respeitava os direitos humanos', diz Mourão a TV alemã

'Coronel Brilhante Ustra respeitava os direitos humanos', diz Mourão a TV alemã

Por GABRIEL MORAES

 

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), disse nessa quinta-feira (8) em entrevista à empresa de comunicação alemã Deutsche Welle (DW) que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado por tortura na ditadura militar, foi um homem de honra e que "respeitava os direitos humanos".

Mourão foi indagado pelo entrevistador em referência ao presidente Jair Bolsonaro que, enquanto deputado federal, defendeu a memória do militar durante a votação pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff. "Em primeiro lugar, não concordamos com a tortura. A tortura não é uma política com a qual nosso país simpatize. E claro, quando há muita gente que lutou contra a guerrilha urbana no final dos anos 60 e início dos anos 70 do século passado, e muitas dessas pessoas foram injustamente acusadas de serem torturadoras", disse Mourão.

Ao ser novamente questionado sobre esse apoio, ele respondeu: "O que posso dizer sobre o homem Carlos Alberto Brilhante Ustra, ele foi meu comandante no final dos anos 70 do século passado, e era um homem de honra e um homem que respeitava os direitos humanos de seus subordinados", afirmou.

"Então, muitas das coisas que as pessoas falam dele, eu posso te contar, porque eu tinha uma amizade muita próxima com esse homem, isso não é verdade", concluiu o vice-presidente.

Em 2008, Ustra tornou-se o primeiro oficial condenado na Justiça brasileira em uma ação declaratória por sequestro e tortura durante o regime militar. Ele comandou o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações) do 2º Exército (SP) de 1970 a 1974, no auge do combate às organizações da esquerda armada.

Segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, só na gestão de Ustra, o DOI de São Paulo foi o responsável pela morte ou desaparecimento de ao menos 45 presos políticos. Ele morreu em 2015.