Meteoro corta os céus de Minas Gerais e é registrado por câmeras em sete cidades

Meteoro corta os céus de Minas Gerais e é registrado por câmeras em sete cidades

Por LÉO SIMONINI

 

Os céus de Minas Gerais serviram de palco para um fenômeno natural raro na noite da última segunda-feira (3), quando um meteoro cortou o espaço aéreo do Estado e provavelmente se desintegrou completamente antes de chegar ao solo.

“A rocha, com massa entre três e cinco quilos, atingiu a atmosfera da Terra a uma velocidade de 14,1 km/s, ou seja, mais de 50 mil quilômetros por hora”, informou Marcelo Zurita, diretor técnico da Bramon (Brazilian Meteor Observation Network, ou Rede Brasileira de Observação de Meteoros).

 “Tratou-se de uma ‘fire ball’, ou bola de fogo, que é um fenômeno que ocorre quando um meteoro atinge nossa atmosfera e vai perdendo a luminosidade sem haver uma explosão final. Esse objeto provavelmente foi consumido na passagem, mas era grande o suficiente para provocar essa luminosidade que vimos”, explicou Zurita.

Registrada por 13 câmeras em dez cidades diferentes do país, sendo sete em Minas Gerais (Santo Antônio do Monte, Pedro Leopoldo, Lagoa da Prata, São Francisco de Paula, Oliveira, Carmo da Mata e Patos de Minas, além de Rio Bonito-RJ, Araçoiaba da Serra-SP e São Paulo), a bola de fogo permitiu a observação de sua velocidade e trajetória justamente por essa quantidade de captações.

“O que ocorre é que quando há um registro desse em pelo menos duas câmeras, conseguimos fazer a triangulação e calculamos facilmente a trajetória, velocidade e até retroceder no tempo e calcular a órbita que o objeto tinha antes de atingir a Terra. Ele surgiu a 89 km de altitude sobre Camacho (Centro-Oeste de Minas) e sumiu sobre Cristais (Sul de Minas)”, disse Mesquita. Além das câmeras da Bramon, outras da Clima ao Vivo também captaram o fenômeno.

Auge

O registro mais importante ocorreu em Oliveira, feito pelo repórter cinematográfico Welter Mesquita Vaz. Zurita conta que o colega observava o céu na segunda-feira, em busca de rastros do cometa Neowise, e com uma câmera na mão acabou vendo esse outro fenômeno ao vivo. Assim, Vaz alertou os demais integrantes do grupo, que só então observaram o registro em suas filmagens que são feitas quase que em tempo integral.

Apesar de nessa época do ano ser comum a chuva de meteoros conhecida como Alfa Capricornídeos, tendo o Brasil como posto privilegiado para sua observação, essa bola de fogo em particular não faz parte desse espetáculo.

“O auge da Alfa é em 30 de julho no mundo inteiro e é favorável ao Brasil porque ocorre numa latitude boa pra gente. Mas esse objeto é desgarrado, provavelmente um pequeno pedaço de rocha vagando solitariamente pelo sistema solar”, completou Zurita.