Lula aparece à frente de Bolsonaro em pesquisa para eleição presidencial; veja os números

Ex-presidente aparece com 49?s intenções de voto e Bolsonaro, 23%. Levantamento também registra deterioração na avaliação do governo, reprovado por metade do eleitorado

Lula aparece à frente de Bolsonaro em pesquisa para eleição presidencial; veja os números
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pronunciamento no Sindicato dos Metalurgicos do ABC 10/03/2021 Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

 

Rayanderson Guerra

25/06/2021 - 00:01 / Atualizado em 25/06/2021 - 09:10

RIO —  O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida para a sucessão presidencial do ano que vem, com 49% das intenções de voto, 26 pontos percentuais à frente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tem 23%, na primeira pesquisa Ipec. O petista tem 11 pontos percentuais a mais do que a soma de seus possíveis adversários, e venceria o pleito em primeiro turno, caso as eleições fossem hoje.

O pedetista Ciro Gomes (PDT), que deve disputar a quarta eleição presidencial, tem 7%, empatado tecnicamente com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que tem 5%. O ex-ministro da Saúde na gestão Bolsonaro Luiz Henrique Mandetta (DEM) aparece com 3% das citações, enquanto brancos e nulos somam 10%, e eleitores que não sabem ou não respondem, 3%. A margem de erro é de dois pontos.

QUEM SÃO OS POSSÍVEIS CANDIDATOS A PRESIDENTE EM 2022

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A atuação de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde e a visibilidade que ganhou na época fizeram o Dem cogitar lançar o nome dele em candidatura própria em 2022 Foto: Jorge William / Agência O Globo

A atuação de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde e a visibilidade que ganhou na época fizeram o Dem cogitar lançar o nome dele em candidatura própria em 2022 Foto: Jorge William / Agência O Globo

Após anulação as condenações na Lava-Jato, Lula reestabeleceu os direitos políticos e poderá concorrer em 2022. Lideranças do PT dizem que Lula só não sai candidato se ele quiser Foto: Edilson Dantas

Após anulação as condenações na Lava-Jato, Lula reestabeleceu os direitos políticos e poderá concorrer em 2022. Lideranças do PT dizem que Lula só não sai candidato se ele quiser Foto: Edilson Dantas

O presidente Jair Bolsonaro cada vez se mostra mais claramente candidato à reeleição. Em visita à Câmara, em fevereiro, após ser xingado por deputados da oposição, ele respondeu: "Nos encontramos em 22". Foto: Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro cada vez se mostra mais claramente candidato à reeleição. Em visita à Câmara, em fevereiro, após ser xingado por deputados da oposição, ele respondeu: "Nos encontramos em 22". Foto: Isac Nóbrega/PR

Antes da decisão que possibilita Lula se candidatar, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) foi aconselhado pelo ex-presidente a rodar o país se apresentando como pré-candidato Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo 23/10/2018

Antes da decisão que possibilita Lula se candidatar, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) foi aconselhado pelo ex-presidente a rodar o país se apresentando como pré-candidato Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo 23/10/2018

Terceiro colocado nas últimas eleições, Ciro Gomes quer ser a opção da esquerda para derrotar Bolsonaro em 2022 Foto: Valter Campanato/Agência Brasil / Agência O Globo

Terceiro colocado nas últimas eleições, Ciro Gomes quer ser a opção da esquerda para derrotar Bolsonaro em 2022 Foto: Valter Campanato/Agência Brasil / Agência O Globo

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O governador de São Paulo tem se colocado como opção de centro direita a Bolsonaro, não evitando o embate com o presidente, de olho em 2022 Foto: Fotoarena / Agência O Globo

O governador de São Paulo tem se colocado como opção de centro direita a Bolsonaro, não evitando o embate com o presidente, de olho em 2022 Foto: Fotoarena / Agência O Globo

Os planos de Doria podem esbarrar nas articulações de grupo de tucanos para lançar o governador do RS, Eduardo Leite, à Presidência Foto: Gustavo Mansur / Agência O Globo

Os planos de Doria podem esbarrar nas articulações de grupo de tucanos para lançar o governador do RS, Eduardo Leite, à Presidência Foto: Gustavo Mansur / Agência O Globo

Após ir para o segundo turno na eleição para a Prefeitura de São Paulo com votação expressiva, Guilherme Boulos se cacifou para concorrer novamente para presidente Foto: Marcio Alves / Agência O Globo

Após ir para o segundo turno na eleição para a Prefeitura de São Paulo com votação expressiva, Guilherme Boulos se cacifou para concorrer novamente para presidente Foto: Marcio Alves / Agência O Globo

O governador do Maranhão, Flávio Dino, defende a criação de uma frente ampla de esquerda e seu nome é um dos catados para essa coligação Foto: 11/01/2013 / Agência Brasil

O governador do Maranhão, Flávio Dino, defende a criação de uma frente ampla de esquerda e seu nome é um dos catados para essa coligação Foto: 11/01/2013 / Agência Brasil

Desde que saiu do governo brigado com o presidente, o nome do ex-juiz Sergio Moro é cotado para 2022 Foto: Fabio Pozzebom / Agência Brasil

Desde que saiu do governo brigado com o presidente, o nome do ex-juiz Sergio Moro é cotado para 2022 Foto: Fabio Pozzebom / Agência Brasil

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Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, começou a ser assediada por líderes partidários para participar de composições de chapa para disputa à Presidência. Pelo menos três legendas já enviaram emissários para discutir o assunto com a ela Foto: Patricia Monteiro / Bloomberg

Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, começou a ser assediada por líderes partidários para participar de composições de chapa para disputa à Presidência. Pelo menos três legendas já enviaram emissários para discutir o assunto com a ela Foto: Patricia Monteiro / Bloomberg

Candidato a presidente pelo Novo em 2018, João Amoêdo planeja se candidatar novamente em 2022, mas enfrenta resistências no partido Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo

Candidato a presidente pelo Novo em 2018, João Amoêdo planeja se candidatar novamente em 2022, mas enfrenta resistências no partido Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo

Senador Tasso Jereissati se colocou como opção do PSDB para a Presidência em 2022 e ganhou o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Senador Tasso Jereissati se colocou como opção do PSDB para a Presidência em 2022 e ganhou o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A intenção de voto no ex-presidente Lula é mais expressiva entre os entrevistados que moram no Nordeste (63%), região em que Bolsonaro aparece com apenas 15% das menções — o menor índice entre todas as regiões do país. Lula aparece ainda à frente do presidente entre os mais jovens (53% a 17%); entre os que têm ensino fundamental II (59% a 19%); entre os que se autodeclaram pretos ou pardos (54% a 21%) e entre os que são de outras religiões que não a católica e a evangélica (54% a 19%).

Já Bolsonaro mantém a maior intenção de voto no eleitorado que integra a base de sustentação de sua popularidade. O presidente tem os maiores índices de ótimo e bom nas regiões Sul (29%), Norte e Centro-Oeste (28%); entre os homens (28%); entre os evangélicos (32%) e entre quem se autodeclara branco (29%).

 

A professora de Ciência Política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), explica que o índice de intenção de voto do ex-presidente Lula é resultado de uma maior exposição do petista no cenário político e do início das articulações com vistas à 2022.

— Ele entrou mais no debate nos últimos meses, após o restabelecimento de seus direitos políticos, e vive uma maré positiva de notícias sobre processos a que responde, além de contar ainda com o queda na aprovação do governo do atual presidente. Outro ponto que devemos levar em consideração é o cenário de candidatos ainda incerto. Por enquanto, o centro ainda não tem nomes competitivos e não chegou a um acordo sobre alianças. Isso acaba levando as pessoas a aderirem aos polos, seja com Lula ou Bolsonaro — explica.

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Enquanto Ciro busca apoio de setores da centro-direita em conversas com DEM, PSD, e com a centro-esquerda, com PSB e Rede, o PSDB vai definir um candidato somente após prévias no partido. Com isso, segundo Maria do Socorro, os eleitores tendem a buscar os nomes com maior estabilidade: Lula e Bolsonaro.

Avaliação do governo

Com o avanço das investigações e depoimentos na CPI da Covid no Senado, a reprovação do presidente Bolsonaro subiu 10 pontos , de 39% para 49%, segundo pesquisa do Ipec. Já a aprovação do mandatário caiu de 28% para 24% — quatro pontos a menos em relação a fevereiro, antes do início dos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito.

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A pesquisa mostra que entre os entrevistados, 26% avaliam o presidente como regular — uma queda de cinco pontos em comparação com a pesquisa anterior, produzida em meio a recordes diários de mortes e casos confirmados de Covid-19. Com a instalação da CPI para apurar ações e omissões do governo Bolsonaro no enfrentamento ao vírus e a destinação dos estados e municípios dos repasses federais, a reprovação do presidente disparou.

A CEO do Ipec, Márcia Cavallari, afirma que os resultados da pesquisa de avaliação do governo refletem a percepção da população sobre o que está acontecendo no país. O levantamento ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios entre os dias 17 e 21 de junho. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

— Os entrevistados levam em conta todas as informações sobre a atualidade. A pesquisa foi feita em uma conjuntura de divulgação dos 500 mil mortos por Covid-19, as manifestações contrárias ao governo e as apurações da CPI. Todo esse contexto se reflete na pesquisa. Há uma piora rápida na avaliação do governo, se compararmos com a pesquisa de quatro meses atrás — explicou Márcia.

 

 

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Cerca de dois terços dos entrevistados pelo Ipec afirmaram que não concordam com a maneira do presidente governar (66%) e não confiam nele (68%). Os que aprovam a forma de gestão são 33% e os que confiam em Bolsonaro, 30%.

IPEC: sucessor do ibope

Entre o eleitorado evangélico, principal base de apoio de Bolsonaro, a queda na avaliação positiva foi ainda maior que a média geral. Aqueles que consideravam o governo bom ou ótimo eram 38% há quatro meses. No levantamento atual, o índice caiu nove pontos percentuais e chegou a 29%.

Para manter o núcleo duro de apoio coeso, Bolsonaro investe em acenos aos evangélicos. Recentemente, participou de uma “motociata”, em São Paulo, batizada de “Acelera para Cristo com Bolsonaro” e se aproximou de líderes neopentecostais, que ganharam força no governo. Apesar da queda nos índices de aprovação no segmento, os evangélicos ainda são os que mantêm o maior apoio ao governo (29%).

— O presidente mantém, desde a campanha de 2018, um apoio sólido entre evangélicos, homens e as pessoas com uma renda maior. A situação econômica e sanitária, com 500 mil mortes por Covid, parece começar a mudar como parte desse grupo vê o presidente, como vemos na queda do número de ótimo e bom do governo por parte dos evangélicos — afirma Maria do Socorro.