Deputado bolsonarista hostiliza Vera Magalhães nos bastidores de debate
Por Renato Alves
A jornalista Vera Magalhães voltou a ser alvo de ataque por parte de um bolsonarista. Na noite desta terça-feira (13), ela foi hostilizada pelo deputado estadual paulista Douglas Garcia (Republicanos), apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), durante o debate para o governo de São Paulo.
Usando um celular para gravar o ato, o parlamentar foi até a jornalista e reiterou os ataques feitos pelo presidente da República há duas semanas a chamando de “vergonha para o jornalismo brasileiro”. Em seguida, o deputado reproduziu uma falsa notícia sobre a remuneração anual dela na TV Cultura.
Separados por um segurança, Douglas Garcia continuou repetindo ataques a Vera Magalhães até ter o telefone celular tomado pelo diretor de redação da TV Cultura, Leão Serva. “Ele veio aqui visivelmente com a intenção de ‘lacrar’. A única solução possível naquele momento era afastá-lo da ‘lacração’”, disse Serva, em vídeo, após o fim do debate.
Vera Magalhães precisou sair escoltada por seguranças do Memorial da América Latina – onde aconteceu o debate. Pelo Twitter, comunicou que irá registrar um boletim de ocorrência pela ameaça sofrida.
“Não tenho medo de homem que ameaça e intimida mulher. Não tenho medo de homem público que usa o cargo para acossar a imprensa”, escreveu a jornalista na rede social, logo após o episódio.
“Esse tipo de postura vinda de um parlamentar é inaceitável, intolerável na democracia. Não será um truculento, nem dois, que irão me intimidar a continuar fazendo meu trabalho. O deputado tem o meu contrato, porque o requereu. Mente reiteradamente. Agride mulher. Não vai me calar”, completou.
Em postagem no Twitter antes de começar o debate, o parlamentar bolsonarista exibiu o crachá de convidado e perguntou se Vera iria participar do evento.
Tarcísio de Freitas lamenta episódio que classifica como "agressão"
Pelas redes sociais, o candidato ao governo de São Paulo Tarcisio de Freitas (Republicanos), apoiado por Bolsonaro, manifestou repúdio ao ato do deputado estadual, que classificou como “agressão”.
“Lamento profundamente e repudio veementemente a agressão sofrida pela jornalista Vera Magalhães enquanto exercia sua função de jornalista durante o debate de hoje. Essa é uma atitude incompatível c/a democracia e não condiz c/o que defendemos em relação ao trabalho da imprensa”, escreveu. Segundo Vera, ele também telefonou para manifestar solidariedade.
Os também pré-candidatos ao governo do Estado Fernando Haddad (PT) e Rodrigo Garcia (PSDB) repudiaram o ataque. “Repúdio total ao ataque covarde sofrido pela jornalista Vera Magalhães pelo deputado Douglas Garcia em uma clara tentativa de ataque à liberdade de imprensa, método bolsonarista de intimidação contra a democracia”, escreveu o petista.
O tucano disse que o ataque “não representa os valores democráticos”. “Meu total repúdio ao ataque covarde que a jornalista Vera Magalhães sofreu, após o debate da TV Cultura, vindo de um sujeito que não representa os valores democráticos nem o povo de São Paulo. Minha solidariedade a você, Vera”, escreveu Rodrigo Garcia.
Não é o primeiro ataque de Garcia a Vera. Em 2020, ele e o também deputado estadual paulista Gil Diniz, conhecido como Carteiro Reaça (PL) acusaram a jornalista, no plenário da Assembleia Legislativa paulista, de receber R$ 500 mil por ano da Fundação Padre Anchieta, que gere a TV Cultura, para atacar Bolsonaro. (Com Estadão Conteúdo)
Comentários (0)
Comentários do Facebook