Transplante de fezes traz 'vida nova' para quem sofre infecção intestinal grave

Resultados de pesquisa realizada mostram que as fezes dos brasileiros são ricas em bactérias benéficas para o organismo; UFMG busca doadores

Transplante de fezes traz 'vida nova' para quem sofre infecção intestinal grave
Material fica armazenado em um ultrafreezer, a -80°C, o que garante viabilidade a longo prazo — Foto: Divulgação / UFMG

O transplante de fezes vem se consolidando como opção de tratamento contra infecção intestinal grave. Você não leu errado. É que resultados preliminares de uma pesquisa realizada no Brasil mostram que as fezes dos brasileiros são ricas em bactérias benéficas para o organismo. O estudo foi realizado pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais/Ebserh. Doadores estão sendo recrutados já que a taxa de cura é superior a 90%. 

O gastroenterologista e professor Eduardo Vilela explica que algumas doenças provocam alterações na flora intestinal e determinadas bactérias evoluem para a forma grave. Quando os antibióticos não alcançam o resultado desejado, o transplante de fezes pode ser a solução para muitos casos.

“Quando não se tem a resposta do tratamento convencional, o transplante de fezes é a primeira opção. Selecionamos indivíduos sadios, de maneira bastante rigorosa, e fazemos exames detalhados. Depois disso, examinamos as fezes do possível doador e fazemos testes moleculares”, comenta.

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Depois de todas as etapas, Vilela conta os próximos passos. “Uma vez que selecionamos o doador, colhemos as fezes, e o material fecal é passado por um processo de filtração e homogeneização. É congelado a -80ºC, e, a partir daí, transplantamos para o indivíduo ficar livre da doença”.

Duas são as maneiras para transplantar as fezes no receptor: por sonda nasoentérica ou colonoscopia. “No Brasil, o Hospital das Clínicas é o único biobanco de fezes desde 2016. O primeiro transplante que fizemos foi em 2017”. Questionado sobre a fila de pacientes que aguardam pelo procedimento, Vilela afirma que não há. O maior empecilho é localizar doadores.



???? Divulgação / UFMG