Postos de BH aumentam preço da gasolina acima do reajuste da Petrobras, e ela chega a R$ 6,69

Por Gabriel Rodrigues

Dias após o reajuste do preço da gasolina anunciado pela Petrobras, que começou a valer na terça-feira (09/07), o combustível chega a R$ 6,69 em Belo Horizonte. Ao divulgar a mudança, a estatal previu que o combustível aumentaria R$ 0,15 na bomba, e alguns analistas estimavam que a alta poderia chegar a R$ 0,20. Na prática, contudo, o motorista tem abastecido com um litro até R$ 0,50 mais caro do que na semana anterior.

O valor mais elevado detectado em um levantamento inicial do site de pesquisa Mercado Mineiro foi R$ 6,69, em um posto no Belvedere, na região Centro-Sul de BH. Antes do reajuste da Petrobras, o combustível custava R$ 6,19 no mesmo local. Em postos na avenida Amazonas, a alta também foi superior ao reajuste oficial, e o combustível saltou de R$ 5,99 para R$ 6,39, mais do que o dobro do aumento esperado

“Para o consumidor final, é totalmente surpreendente, porque, quando a Petrobras anuncia um aumento de R$ 0,20 nas refinarias, normalmente esse aumento não é na íntegra para o consumidor final. Só que o aumento foi muito maior. Vemos aumentos de R$ 0,30, chegando a até R$ 0,60 em algumas regiões, e isso é preocupante para o consumidor. Escutamos um anúncio de uma empresa séria como a Petrobras e vemos ocorrer outro preço”, analisa o administrador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu.

Ele reconhece que os custos do varejo têm aumentado, considerando até o transporte do próprio combustível até os postos, também impactado pela alta. Mas sublinha que o consumidor é quem sente o maior baque no bolso. “As empresas estão falando em aumento de custo. Claro que elas têm aumento de custo. Mas o consumidor fica sempre sendo o prejudicado de toda a cadeia. Entendemos também o lado dos postos, que é o último elo da cadeia da produção para o consumidor final, mas o consumidor está pagando o pato sempre e não aguenta mais, essa é a realidade”.

Abreu reforça que, com as altas generalizadas, resta ao motorista adotar estratégias de consumo para pressionar os postos a segurar os preços. “O que o consumidor tem que fazer, em primeiro lugar, é pesquisar preço e privilegiar, mesmo que a diferença seja pequena, os postos que estão mais baratos, as regiões que estão mais baratas. Entre os postos, é aquela história, uma guerra, uma competição”, conclui. 

O que dizem os postos

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) justifica que a gasolina aumentou mais do que o previsto pela Petrobras devido à pressão do preço do etanol anidro, que é misturado ao combustível que chega aos postos. “Para se ter uma ideia, nos últimos 30 dias, o etanol anidro – que compõe o preço da gasolina em 27% – subiu R$ 0,29”, expõe, por meio de nota.

A Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig Bioenergia) calcula que, considerando todos os fatores que pesam sobre o preço da gasolina, o etanol anidro representa cerca de 12% do valor final. Portanto, argumenta a entidade, a alta do etanol não justifica o aumento desproporcional ao reajuste da Petrobras.

“É uma cadeia longa. Temos a margem de distribuidores, dos postos, a própria logística pode ter ficado mais cara. São muitos pontos para sofrer alteração além do etanol”, pontua o presidente da Siamig Bioenergia, Mário Campos.

O etanol também foi reajustado nos postos, conforme foi observado pelo Mercado Mineiro. É comum que, ao haver alta da gasolina, a demanda pela opção aumente, sendo ele um combustível mais barato, e, desse modo, o preço do álcool também se eleve nos postos. Ainda assim, ele pode compensar em comparação à gasolina, pois permanece abaixo de 70% do valor dela em alguns estabelecimentos. Em outros, porém, já ultrapassa essa marca.