Ozempic pode facilitar a gravidez? Veja o que a ciência diz sobre o assunto

Utilizado para acelerar o processo de emagrecimento, medicamento é indicado por mulheres como o responsável por desencadear gestações

Ozempic pode facilitar a gravidez? Veja o que a ciência diz sobre o assunto
Imagem ilustrativa

 

Por O TEMPO Brasil

O uso do Ozempic para emagrecimento não é mais uma novidade. Mas, além de ajudar na redução de peso, o medicamento também facilita a gravidez? O possível aumento na fertilidade a partir do uso do fármaco tem gerado dúvidas, após algumas mulheres relatarem que tiveram gestações, mesmo utilizando métodos anticoncepcionais, enquanto faziam uso do Ozempic. 

 

A hipótese, inclusive, é quase uma febre no TikTok, com centenas de vídeos seguindo o ‘I got pregnant on Ozempic’ - ‘Engravidei com Ozempic’ na tradução. Há, até, quem tinha um diagnóstico apontando uma infertilidade, mas que registrou uma gravidez. A Nature, uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo, reconhece a possibilidade. 

 

Isso porque o Ozempic pertence ao grupo de medicamentos conhecidos como ‘agonistas do GLP-1’. O hormônio produzido pelo intestino é liberado na presença de glicose, podendo diminuir o apetite e favorecer a fertilidade. No entanto, de acordo com estudo da Nature, faltam dados concretos para cravar que a gravidez pode ser um “efeito colateral” do medicamento. 

 

“Estamos numa zona livre de dados quando se trata de GLP-1, fertilidade e gravidez”, diz Beverly Tchang, endocrinologista da Weill Cornell Medicine, em Nova Iorque. Conforme a revista, os cientistas investigam atrasos menstruais observados em pessoas com sobrepeso ou em situação de obesidade que tiveram interrupções no ciclo menstrual em função de desequilíbrios hormonais. 

 

“O sistema reprodutor feminino é muito sensível e responde à saúde metabólica, ao equilíbrio energético e à nutrição. Os receptores GLP-1 têm seus próprios efeitos no sistema reprodutivo que parecem ser independentes da perda de peso”, diz Nicole Templeman, bióloga celular da Universidade de Victoria, no Canadá. 

 

A indefinição, inclusive, fez com que o laboratório Eli Lilly, segundo a Nature, aconselhasse o uso de contraceptivos orais apoiados a outros métodos de prevenção nas primeiras quatro semanas após o início de remédios como o Ozempic, ou se houver alta na dosagem.

 

A Nature aponta que os medicamentos GLP-1 podem contribuir para reduzir a concentração máxima do anticoncepcional no sangue em até 66% após uma dose única. “Então, mais da metade desapareceu, o que é um grande problema”, diz Jessica Skelley, farmacologista da Universidade Samford, em Birmingham, Alabama. Ela ainda frisa que os contraceptivos orais dependem da concentração. 

 

“Se não houver quantidade suficiente no corpo, não podem proporcionar benefícios contraceptivos eficazes”, acrescenta Skelley, à Nature. A endocrinologista e especialista em fertilidade da Universidade de Toronto, no Canadá, Alyse Goldberg, afirma que o impacto dos medicamentos GLP-1 na fertilidade é uma conversa atual.

 

“Se as pessoas estão a perder peso e a recuperar a ovulação, existe o risco de gravidez se não forem devidamente aconselhadas”, diz ela sobre a necessidade de mais dados sobre o assunto.