Especialista avalia números do Cruzeiro: "está piorando sua situação financeira"

Especialista avalia números do Cruzeiro:

 

 

 

 

Por O TEMPO

"O Cruzeiro continua piorando sua já fragilizada situação financeira". É o que diz o auditor Pedro Figueiredo, especialista em finanças, em análise feita sobre as Demonstrações de Resultados feita divulgada pelo clube sobre o primeiro semestre de 2021.

 

Com um prejuízo real de R$ 68,5 milhões, o clube é considerado "insolvente" pelo analista e tem dificuldades graves. Em que pese o tom pessimista, Figueiredo crê que a divulgação semestral dos números "representa maior transparência" e que a piora da situação "se dá em um patamar muito menos veloz do que a acompanhada nos últimos exercícios".

A pedido do Super.FC, o auditor Pedro Figueiredo analisou os números apresentados pelo Cruzeiro no primeiro semestre de 2021 e apontou uma situação caótica nas finanças.

"Primeiramente, é importante ressaltar que a divulgação periódica dos resultados parciais é uma medida que representa maior transparência, mesmo que as informações trazidas tenham sido apresentadas de maneira muito sucinta e com uma tentativa de dar destaque aos resultados ajustados. A superficialidade da informação impede uma análise profunda, como foi feita no balanço do ano fechado de 2020, embora isso seja comum para grande parte das entidades", explicou.

"Olhando para o Balanço Patrimonial, vemos que o clube indica existência de caixa (2,2 milhões versus 0,3 milhões do fechamento de dezembro). Embora possa parecer uma alteração positiva, é importante lembrar que o clube é insolvente. A Demonstração de Resultados apresentou um prejuízo de R$ 68,5 milhões, e foi apresentada segregando os resultados entre: Futebol Profissional, Futebol Base, Clube Social, Outras Receitas e Áreas de Apoio (Backoffice)", acrescentou.

Pedro Figueiredo explica por que o déficit divulgado pela cúpula foi de apenas R$ 12,5 milhões, R$ 56 milhões a menos que o valor real do prejuízo.

"O Cruzeiro também apresenta um resultado ajustado, com as competências com efeito caixa dentro do período. Dessa forma são consideradas amortizações, depreciações, contingências, acordos, provisões financeiras, liberação de atletas, custos de formação, reversão de impairment e atualização de parcelamentos na geração de um resultado ajustado de déficit de R$ 12,5 milhões. É uma visão mais positiva, mas considera uma série de aspectos e ajustes otimistas ou não (não sendo possível determinar esse grau de otimismo com a informação disponível)", disse o especialista, que ainda concluiu:

"Em suma: o Cruzeiro continua piorando sua já fragilizada situação financeira, mas essa piora se dá em um patamar muito menos veloz do que a acompanhada nos últimos exercícios".

O clube divulgou na manhã dessa terça-feira (19) os números do primeiro semestre de 2021. De acordo com a demonstração de resultados apresentada pelo clube, houve um prejuízo de R$ 12,5 milhões até o fim de junho.

No futebol profissional, o clube arrecadou R$ 19 milhões com vendas de atletas, o que representou um aumento de 47% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os estudos comparativos dos resultados ajustados entre o 1º semestre de 2020 e o 1º semestre 2021 apontam que a atual gestão conseguiu aumentar receitas, reduzir gastos e incrementar os investimentos nas categorias de base, melhorando o resultado em mais de R$ 40 milhões (R$ 53 milhões de prejuízo nos seis meses iniciais de 2020 contra R$ 12,5 milhões no primeiro semestre de 2021).

A diretoria revela também um faturamento de R$ 17 milhões com patrocínios, o que representou um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2020.

O Cruzeiro reduziu em 9% a despesa com pessoal. O gasto neste quesito no primeiro semestre do ano foi de R$ 49 milhões.