Golpe do sapatinho: homem é detido por sequestro de crianças e roubo de 450 mil

Família de um gerente da Caixa na região Sul de MG foi sequestrada na noite de domingo (7); suspeitos liberaram mulher dele e filhos após membro de quadrilha ser detido

Golpe do sapatinho: homem é detido por sequestro de crianças e roubo de 450 mil
Foto: Polícia Militar/Divulgação

Por LARA ALVES

 

Uma criança de três anos, o irmão de oito e a mulher de um gerente da Caixa Econômica Federal (CEF) permaneceram entre a noite de domingo (7) e a manhã de segunda-feira (8) sequestrados sob a posse de suspeitos que integram uma quadrilha dedicada à prática do “golpe do sapatinho” – quando um funcionário de uma unidade bancária é obrigado a retirar quantias em dinheiro para os suspeitos sob ameaça – no município de Muzambinho, na região Sul de Minas Gerais.

O crime foi frustrado às primeiras horas da manhã de segunda-feira depois que a Polícia Militar (PM) cercou a agência bancária e conseguiu deter o suspeito, cuja idade não foi relevada, responsável por ir com o gerente até a instituição.

Com ele, na saída da Caixa, foram recolhidos R$ 450 mil, além de três armas de fogo subtraídas pelo integrante do grupo de funcionários da segurança da agência. Outros membros da quadrilha liberaram família do gerente pouco depois na zona rural de São Pedro da União, também no Sul.

Este foi o segundo crime do gênero praticado na região em menos de quatro dias. O anterior ocorreu em Nova Resende na quinta-feira (4), e também foi detido um suspeito na ocasião.

Cronologia do crime

À noite de domingo (7), um grupo de criminosos tornou reféns o gerente da Caixa Econômica Federal de Muzambinho, a mulher dele e os filhos de três e oito anos. Enquanto o homem foi mantido em cárcere na própria residência em Muzambinho, o restante da família foi levado para um esconderijo em São Pedro da União, onde acabaram deixados na manhã de segunda-feira (8).

Às primeiras horas do dia, um suspeito seguiu o gerente até a agência bancária onde retirou três revólveres dos seguranças e obrigou que o funcionário retirasse R$ 450 mil do cofre.

Entretanto, a Polícia Militar, que na região propôs um protocolo anti-sequestro em função do elevado número de crimes do gênero praticado nos municípios próximos, detectou movimentação atípica na agência e optou por uma operação de cerco na unidade, como detalha o capitão Salgado, à frente da corporação em Guaxupé.

“Essa modalidade é muito comum na região e em decorrência disso criamos um protocolo específico com atuação diária de viaturas em agências bancárias. O importante do protocolo é que ele consegue detectar o crime enquanto ele acontece. A partir do momento que a Polícia Militar detectou o código do roubo praticado, nós acionamos a cadeia de comando e montamos o cerco, garantindo a prisão de um meliante”.

Segundo o militar, o início da atuação da polícia coincidiu com o instante em que a quantia foi retirada do cofre da unidade. Após a prisão do suspeito, foram emitidos alertas à espera de que mulher e filhos do gerente fossem encontrados.

“Foi uma ação dos órgãos de inteligência porque eram três reféns em poder dos autores. Vítimas foram liberadas na área rural de São Pedro da União”, pontuou o capitão. Família e gerente encontraram-se pouco após 10h de segunda-feira, e nenhum deles foi ferido.

Segundo crime do gênero em quatro dias

À quinta-feira (4), quatro dias antes do crime cometido nesta segunda-feira (8), a Polícia Militar conseguiu também frustrar a ação de suspeitos no município de Nova Resende, igualmente na região Sul de Minas Gerais. Discute-se, aliás, a hipótese de que um crime esteja relacionado ao outro.

“Alguns dos autores que participaram do crime hoje (segunda-feira) podem ter atuado em Nova Resende. Já os identificamos e sabemos que são naturais do município de Alfenas. Agora estamos trabalhando para conseguir os mandados de prisão e encontrá-los. Hoje conseguimos prender um suspeito, e na quinta-feira também prendemos um”, detalhou o capitão.

Informações repassadas pela PM revelam que na quarta-feira (3) a família da funcionária de um banco do município de Nova Resende foi feita refém, e na manhã seguinte suspeitos obrigaram que ela retirasse dinheiro do caixa.

“A família foi feita refém às 17h de quarta-feira, e não sequestraram um gerente, mas uma funcionária que tinha acesso às senhas. A dinâmica se deu de forma muito parecida. A família foi tirada da residência e levada para um local incerto, enquanto o bandido seguiu com a funcionária para a agência”. Também não houve feridos nessa primeira ocorrência.