FUNERÁRIAS ESTÃO NA ‘ZONA VERMELHA’ COM COVID, DIZ REPRESENTANTE DO SETOR

‘O vírus mata sem piedade, os enterros são sem adeus’, afirma Panhozzi

FUNERÁRIAS ESTÃO NA ‘ZONA VERMELHA’ COM COVID, DIZ REPRESENTANTE DO SETOR
Enterro em cemitério de São Paulo de vítima de Covid-19 Foto: AMANDA PEROBELLI/Reuters

Com 322 mil mortes por Covid no país em um ano, o setor funerário está atuando no limite da capacidade.

A afirmação é de Lourival Panhozzi, presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif).

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“O setor aguenta a pressão a duras penas, mas ela precisa parar, porque ninguém aguenta o tempo todo. Estamos na zona vermelha”, disse.

Panhozzi afirmou que ainda não houve falta de caixões, e descarta um colapso de maiores proporções.

Segundo o presidente da associação, antes da pandemia os fabricantes de urnas funerárias produziam de 110 mil a 120 mil caixões por mês.

Com a Covid, o contingente saltou para até 150 mil por mês.

"A previsão é quase impossível de fazer, o vírus é muito malvado, não tem muito padrão. É uma areia movediça. O número de mortes só aumenta", afirmou.

 

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A despeito do salto de mortes — março foi o mês com mais óbitos, com 66,8 mil vítimas fatais —, o setor funerário viu sua receita cair.

"O preço das luvas aumentou 1.000%, o das máscaras, 600%. Não há mais aluguel de salas ou vendas de coroas. Tivemos que pedir para as fábricas um só padrão simples de urna, para aumentar a capacidade. Em um momento, os caixões quase ficaram sem verniz", afirmou, acrescentando que não repassou o preço ao público.

Com a voz embargada, Panhozzi contou que já perdeu diversas pessoas próximas para a Covid.

Pediu cuidado e seriedade com a doença:

"Acreditem, a coisa é séria. O vírus mata sem piedade, os enterros são sem adeus. Perdi muitos amigos, irmãos do coração. Que ninguém queira passar por essa dor".

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(Por Eduardo Barretto)