PT denuncia prefeito de Capelinha por suspeita de compra de votos

PT denuncia prefeito de Capelinha por suspeita de compra de votos
Em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, Lula venceu o 1º turno com 56,28% dos votos válidos — Foto: Facebook/Reprodução

 

 

Por Gabriel Ferreira Borges

 

A federação partidária de PT, PCdoB e PV acionou a Justiça Eleitoral contra o prefeito de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, Tadeuzinho (PSC), por suspeita de compra de votos a favor do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Fundamentada em áudios atribuídos a Tadeuzinho, a representação criminal, protocolada nessa quarta-feira (19), já é investigada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE). O prefeito, por sua vez, admite a autoria de um dos áudios, mas refuta a acusação e alega que, na verdade, se refere a eventuais propostas para Capelinha e o Jequitinhonha quando se referiu a algo para “oferecer para a população”.

Em um dos arquivos a que O TEMPO teve acesso, Tadeuzinho teria garantido a um homem que apoia a reeleição de Bolsonaro. “Você sabe que eu sou Bolsonaro, né? Mas o que acontece? Nós estamos em uma situação difícil aqui no Vale (do Jequitinhonha), porque eles não fizeram uma ação específica para o Vale”, explicou ele, que tem sido cobrado nas redes sociais a se posicionar publicamente.

Então, o prefeito teria dito que aguarda a resposta a uma "proposta" por ele feita à “assessoria” do governo Romeu Zema (Novo). “Não tem como você chegar de mão abanando. Não adianta. Isso não vai mudar a cabeça do povo. O povo quer saber o que vai enxergar de concreto, porque senão você não consegue mudar votos e nós temos que virar votos, ué”, concluiu. Em Capelinha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o 1º turno com 56,28% dos votos válidos.

Em novo áudio atribuído ao prefeito, Tadeuzinho teria reafirmado a outro homem que tanto ele quanto “Aléquison”, o vice-prefeito, estariam com o “22”, que é o número de urna de Bolsonaro. “Nós estamos nos programando aqui para darmos a tacada certa, entendeu? Nós estamos aguardando. Eu conversei com a assessoria ontem, liguei, eu estive com o Bolsonaro pessoalmente, entendeu? Eu estive com Bolsonaro, estive com Zema. Zema, eu fui Zema doente, você viu, né?”, contou.

 

Em outro áudio, Tadeuzinho teria explicado, desta vez a uma mulher, que “não adianta para o pessoal do Vale a gente vir aqui só declarar (apoio) e achar que com isso nós vamos transformar, mudar os votos”. “Não funciona dessa forma. A gente tem que ter o que oferecer para a população para que isso possa mudar a cabeça. Então, nós estamos aguardando a resposta dessa proposta que nós fizemos nesta semana para a gente poder já estar aderindo aí à mobilização”, acrescentou.

O TEMPO, Tadeuzinho admitiu que encaminhou um áudio a apenas uma pessoa. Depois, segundo ele, o arquivo viralizou. Entretanto, o prefeito de Capelinha ponderou que, quando utilizou a expressão “não tem como você chegar de mão abanando”, se referiu a promessas de Bolsonaro caso seja reeleito. “Ansiamos projetos de inclusão social, como incluir o Vale no programa de construção de casas populares, e que o governo federal, em parceria com o governo do Estado, coloque recursos para que possamos ter a tão sonhada pavimentação das MGs-211 e 214”, alegou ele, que irá prestar esclarecimentos ao MPE nesta sexta (21).

De acordo com Tadeuzinho, quando citou “assessoria”, dizia respeito àquela do governo estadual. “Eu passei (as reivindicações) para a assessoria do governo estadual para que ela passasse para a assessoria do governo federal”, justificou o prefeito, que está no segundo mandato à frente da Prefeitura de Capelinha. Tadeuzinho ainda reiterou que precisa de “propostas e benefícios” para a cidade e para o Vale do Jequitinhonha para que possa pedir voto para Bolsonaro.

A representação ainda pleiteia, em tutela de urgência, que Tadeuzinho seja intimado a “cessar com a prática de campanha eleitoral ilícita”. O MPE já instaurou um inquérito para apurar a denúncia. A compra de votos é definida pelo Código Eleitoral como “dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita”. A pena prevista é de reclusão de até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.