Coronel diz que comando do Exército impediu PM até de tocar em barracas no QG

Subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF deu depoimento a “CPI dos Atos Antidemocráticos”, nesta quinta-feira (27)

Coronel diz que comando do Exército impediu PM até de tocar em barracas no QG
Coronel da Polícia Militar Cíntia Queiroz de Castro em depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos — Foto: Rinaldo Morelli/Câmara Legislativa do DF

 

Por Renato Alves Publicado em 27 de abril de 2023 | 12h14 - Atualizado em 27 de abril de 2023 | 12h27

Subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), a coronel da Polícia Militar Cíntia Queiroz de Castro afirmou, em depoimento à “CPI dos Atos Antidemocráticos”, nesta quinta-feira (27), que o Alto Comando do Exército pediu ajuda para desmontar o acampamento de bolsonaristas em frente ao Quartel-General, em Brasília, mas desistiu da operação em três oportunidades.

A oficial da PM do DF disse ainda que, nas reuniões com integrantes do Comando Militar do Planalto, responsável pelas unidade do Exército na capital, incluindo o QG, os militares diziam que PMs não poderiam, de forma algum, sequer tocar nas barracas montadas por bolsonaristas logo após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, em 31 de outubro.

“Por três vezes o Comando Militar do Planalto solicitou apoio para retirada do comércio ambulante. A gente tinha expectativa, quando chegava nas reuniões, que era para retirar o acampamento, mas eles diziam que era para retirar o comércio ilegal. Não era permitido tocar nas barracas, na cozinha coletiva, na tenda religiosa. A orientação que a gente tinha era essa”,  afirmou Cíntia de Castro.

Responsável por elaborar o Protocolo de Ações Integradas (PAI) n° 2/2023, documento com orientações da SSP-DF às forças de segurança locais para as manifestações bolsonaristas anunciadas para os dias 7, 8 e 9 de janeiro, a coronel disse que o plano não foi seguido. Mas ela não falou quem deixou de cumprir as ordens que poderiam evitar a invasão e depredação das sedes dos três poderes da República.

CPI aprova convocação do general Gonçalves Dias

Também nesta quinta, a “CPI dos Atos Antidemocráticos”, instalada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, aprovou um requerimento para a convocação do general Gonçalves Dias, na condição de convidado.

O militar da reserva, que era o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ganhou notoriedade ao aparecer em vídeos caminhando entre os extremistas bolsonaristas, dentro do Palácio do Planalto, durante a invasão e depredação do prédio em 8 de janeiro.

Gonçalves Dias pediu demissão do cargo justamente após a divulgação dos vídeos. Sua manutenção no cargo tornou-se insustentável também por ele ter negado a existência de tais imagens, pedidas pela Presidência da República e pela própria CPI que agora o chama para depor.

A divulgação das imagens foi fundamental para parlamentares da oposição conseguirem a instalação de uma comissão mista (CPMI) no Congresso com o intuito de apurar os episódios de 8 de janeiro. Nesta quarta (26), o presidente do Senado e do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leu o requerimento que criou a CPMI.