Com festas de fim de ano, transmissão da Covid volta a subir em BH

Taxa de transmissão em BH chegou a 1,13, indicando estado de alerta. Já o Hermes Pardini verificou um aumento na taxa de positividade dos exames

Com festas de fim de ano, transmissão da Covid volta a subir em BH
Vendas de fim de ano atraíram muitas pessoas para as ruas do Centro de BH Foto: Flavio Tavares

Por CINTHYA OLIVEIRA

29/12/21 - 03h00

Uma maior circulação de pessoas em dezembro e as tradicionais confraternizações de empresas e grupos de amigos já provocou uma elevação nos casos de Covid. Em Belo Horizonte, o número médio de transmissão por infectado (Rt) chegou a 1,13 (estado de alerta). Além disso, o percentual de casos positivos entre os testes realizados subiu de 2,5% para 6% em apenas uma semana em Minas, conforme levantamento do laboratório Hermes Pardini.

No laboratório São Paulo, foi registrado um aumento na taxa de positividade entre novembro e dezembro no Estado, subindo de 1,86% para 2,15% - lembrando que muitos testes ainda serão feitos até dia 31, já que houve um aumento na demanda nos últimos dias do ano. Já o laboratório Lustosa verificou uma taxa de positividade de 2,4% na última semana de novembro, que subiu para 3,1% em meados de dezembro e depois voltou para 2,4%, mas lembrando que houve um “aumento da testagem de pessoas assintomáticas para eventos e viagem geram um viés na interpretação dos resultados fornecidos pelo Laboratório”.

Já o Laboratório de Vírus Respiratórios e Biologia Molecular da Fundação Ezequiel Dias (Funed) indicou uma queda na taxa de positividade entre novembro e dezembro. Foram 12.437 laudos no período compreendido entre 26/10 e 25/11, sendo 5,87% dos resultados detectáveis para Covid-19. Já no mês de dezembro, no período compreendido entre 26/11 e 25/12, foram liberados 13.049 laudos, sendo 4,19% de taxa de positividade.

José Geraldo Leite, epidemiologista do Hermes Pardini, afirma que o aumento é considerável, mas ainda é um percentual baixo dentro do histórico da pandemia – que no auge superou a taxa de positividade em 25%. “Sabemos que grande parte da população está vacinada, mas a vacina é extremamente eficaz em evitar formas graves e menos eficaz para evitar formas leves. Pode ter aumentado a transmissão porque as pessoas se encontraram em jantares e aglomerações”, explica o médico, lembrando que os sintomas da Covid e da Influenza são os mesmos e a testagem é importante para se ter um diagnóstico mais preciso.

Cláudia Assunção, coordenadora de Ciência, Inovação e Tecnologia do Laboratório São Paulo, relata que houve uma demanda acima das expectativas neste fim de ano. “As pessoas estão com medo do surto de gripe e da nova variante. Isso fez com que aumentasse o número de testes entre pessoas que foram viajar ou se encontrar com familiares. Certamente vai haver uma testagem maior do que houve em novembro”.

De acordo com Renan Pedra, coordenador do Laboratório de Biologia Integrativa, do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, o início de uma transmissão comunitária da ômicron em Belo Horizonte e região pode ter contribuído para o aumento no número de casos, mas não foi determinante para isso. Até o momento, foram detectados 95 novos casos da variante em Minas.

“Em BH e outros municípios, estamos vivendo o período máximo de flexibilização. Em dezembro, tivemos um momento de alta circulação de pessoas, de compras de fim de ano e encontros. Um cenário que contribuiu para o aumento de casos, independentemente da ômicron”, analisa.