Por Gabriel Ferreira Borges

Às vésperas de agenda em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, nesta quarta-feira (15), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) tem a “pegada” e a “disposição” para construir um país “muito melhor”. A declaração foi dada por Lula, nesta terça, à Rádio Vitoriosa 105,5 FM, de Uberlândia, ao justificar o apoio à pré-candidatura de Kalil ao governo de Minas Gerais. O acordo, selado em 19 de maio, leva o deputado estadual André Quintão (PT) ao posto de vice. 

De acordo com o ex-presidente, a necessidade de um “palanque forte” para garantir o voto da maioria do eleitorado mineiro no pleito presidencial, somada à eleição de Kalil, levou à aliança entre PT e PSD. “A ideia que eu tenho é que se a gente ganhar as eleições para presidente, ganhar Minas, ganhar São Paulo e ganhar Rio de Janeiro, a gente pode fazer uma revolução neste país do ponto de vista do crescimento econômico e da distribuição de renda, porque, na verdade, é isso que está precisando no Brasil”, acrescentou.

Lula, então, argumentou que, enquanto o rico fica cada vez mais rico, o pobre continua ficando cada vez mais pobre. “As empresas listadas na Bolsa de Valores cresceram no (primeiro) trimestre deste ano 80%. Em compensação, a renda dos 5% mais pobres caiu 34%, segundo o IBGE. Toda vez em que ouvimos falar em crescimento do PIB, precisamos nos perguntar se este crescimento foi repartido com aqueles que trabalham nessas empresas e o que a gente está percebendo é que não é”, questionou.

Ao apontar que há um empobrecimento da sociedade brasileira, o ex-presidente pontuou que, se em 2012 havia 2 mil pessoas em situação de rua em Belo Horizonte, hoje há mais de 8 mil. “Acho que o Kalil tem esse dinamismo, tem pegada, tem disposição. Juntos, nós vamos fazer esse país ficar muito melhor, porque o povo precisa comer, trabalhar, estudar, ter acesso a lazer e a cultura, e criar a sua família em paz e com muita tranquilidade sem a quantidade de ódio e de mentiras que nós temos hoje”, concluiu.

Lula lembrou que, embora já conhecesse Kalil da “grande gestão” à frente do Atlético, lhe encontrou, pela primeira vez, em um jantar durante o governo Fernando Pimentel (PT) - entre 2015 e 2018. “E, na conversa com o Kalil, senti um homem da mais alta competência profissional, um homem disposto a fazer as coisas corretamente, um homem cheio de vontade de trabalhar, cheio de vontade de mudar, e foi interessante, porque, por volta de 2017, 2016, quando eu pouco o conhecia, ele disse pra mim: ‘Eu queria lhe falar que se o senhor for candidato a presidente, eu vou votar no senhor’”, detalhou. 

Lula e Kalil lançarão a dobradinha, nesta quarta, no Centro Universitário do Triângulo (Unitri), às 17h, em Uberlândia, que, de acordo com o ex-presidente, foi escolhida por ser “uma cidade extraordinariamente grande” e “uma cidade rica”. “E porque o Triângulo Mineiro é um polo de desenvolvimento altamente respeitável, tanto no setor de serviços quanto no setor de comércio e agronegócio”, concluiu. 

Conforme registrado pela pesquisa DATATEMPO realizada entre 27 de maio e 1º de junho, a associação de Kalil a Lula alça as intenções de voto do ex-prefeito de Belo Horizonte no cenário estimulado de 22,1% para 40,4%. Em contrapartida, neste mesmo cenário, os números do governador Romeu Zema (Novo), associado por sua vez ao pré-candidato Felipe D’Avila (Novo), caem de 45,7% para 24,4%. Antes líder apenas na Região Metropolitana, Kalil, com a dobradinha com Lula, seria derrotado por Zema apenas nas regiões Oeste, Noroeste e Vale do Mucuri.